Enquanto especula-se a quem o presidente do Corinthians, Andres Sanches, apoiaria para as próximas eleições do clube, nos bastidores, entre os mais próximos ao mandatário, o ‘pulo do gato’ estaria sendo trabalhado.

Oficialmente, dois nomes surgem como mais prováveis apoiados do cartola: Duílio do Bingo (por comprometimento político) e André Negão (pela lealdade).

Por fora estaria correndo Paulo Garcia.

Intramuros, porém, o que mais se comenta é a suposta brecha no Estatuto do clube que permitiria, com a ajuda de ação judicial, a Andres Sanches voltar à disputa presidencial, apesar de seus adversários, até então, tratarem a proposta como impossível.

“O Estatuto não permite reeleição’ é o que se escuta há anos, inclusive da boca do presidente.

Vamos aos fatos.

Diz o Parágrafo 2º do art. 103:

“Não será permitida a reeleição consecutiva para o mesmo cargo. O Presidente da Diretoria, após término de seu mandato, fica inelegível para qualquer cargo na eleição subsequente”.

Mais claro, impossível.

Só que não.

No mesmo documento, no Capítulo XII das “Disposições Transitórias’, porém ainda vigentes, existe o art. 138, que estabelece:

“O dispositivo no Parágrafo 2º, do art. 103, não se aplica aos atuais ocupantes da Diretoria Executiva, aos quais é assegurado o direito de concorrer nas próximas eleições”

Em tese, o art. 138 elimina o previsto no art. 103.

Os apoiadores de Sanches dizem que a não especificação de data num texto que comporta interpretações seria a brecha a ser utilizada para que o atual presidente possa concorrer à reeleição.

Alguns oposicionistas garantem que o artigo aplicar-se-ia apenas ao presidente anterior, Roberto Andrade, embora reconheçam que o teor, mal explicado, pode dar margem à manobras jurídicas.

A confecção desse Estatuto contou com a participação do alguns desembargadores, membros do conselho alvinegro, o que torna o suposto ‘erro’ passível de suspeitas políticas evidentes.

Nas últimas semanas, o Conselho Deliberativo do Corinthians criou uma comissão de alteração estatutária, deixando claro que eventuais mudanças não poderão atingir as próximas eleições, a serem disputadas no final de 2020.

A decisão, a princípio correta, poderá ser utilizada à favor do grupo de Sanches, se não tomadas providências de esclarecimento em devido tempo.

Vale lembrar, também, que entre os membros da Comissão se fazem presentes dois investigados por compra de votos nas eleições anteriores, o que poderá gerar questionamentos após a aprovação do texto final, principalmente se houver condenação de alguns deles.

Os casos serão julgados com forte influência do desembargador Ademir Benedito, aliado notório de Andres Sanches.

Na hipótese do prevalecimento das atuais regras estatutárias do Corinthians, que precisam, desde já, tornarem-se o foco principal da Comissão recém instaurada, o atual presidente do clube, tudo indica, somente não disputaria o pleito se seus problemas judiciais, de alguma maneira, pudessem impedi-lo, a curto prazo, de permanecer no Brasil.

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