Fernando Alba, Sérgio Alvarenga, Felipe Ezabella e Raul Corrêa da Silva

Anteontem (17), o pré-candidato a presidência do Corinthians, Felipe Ezabella, e seu parceiro, o agente de jogadores Fernando Alba, publicaram manifestação, em rede social, contrária à mudanças estatutárias do Corinthians em ano eleitoral.

Trata-se de imensa cara-de-pau.

Em 2011, apenas um mês antes das eleições alvinegras de 2012, amparados em trabalho do então grupo ‘Corinthianos Obsessivos’, os cartolas alvinegros, presididos por Andres Sanches, utilizaram-se do mesmo precedente, agora reclamado.

O Estatuto foi mudado e a eleição do sucessor, Mario Gobbi, facilitada.

Ezabella e Alba, além doutros membros do ‘Obsessivos’ (que agora disfarça-se como ‘Corinthians Grande’), entre os quais Sérgio Alvarenga e Raul Corrêa da Silva, que compunham a diretoria de Sanches, beneficiaram-se da ‘armação’, permanecendo no poder ao lado do delegado eleito.

Somente na eleição seguinte, ao serem ‘chutados’ por Roberto Andrade, rebelaram-se e disseram-se ‘opositores’, apesar de Corrêa, no anonimato, ter contribuído, recentemente, para confecção de novo ‘relatório de sustentabilidade’, apresentado pelo atual diretor de finanças do Timão, já sob a terceira administração de Andres Sanches.

A indignação seletiva dos ‘obsessivos’, em que a regra que chancelaram no passado passou a ser ilegal no presente, é indicadora óbvia do comportamento desse tipo de gente.

Aos amigos, vale tudo, mas se estes tornarem-se inimigos, aplica-se a lei.

O Corinthians?

Trata-se de objetivo pessoal de poder, nada mais do que isso.

Enquanto dirigentes de Sanches e Gobbi, Ezabella saiu do anonimato para advogar e assumir a condição de procurador de jogadores, além de trabalhar em casos terceirizados, e obviamente remunerados, distribuídos pelo departamento jurídico alvinegro, que era comandado pelo amigo Alvarenga; Alba diversificou os negócios entre ser dono de estacionamentos e do destino de jogadores da base (da qual foi dirigente) e Corrêa, que assinou a maioria dos contratos do estádio de Itaquera, ampliou um simples escritório de contabilidade para gestor da operação da gigante BDO no Brasil, com direito a receber dinheiro de obscuro contrato com a Odebrecht, firmado, coincidentemente, somente após a inauguração da Arena.


Abaixo, a íntegra da manifestação assinada por Felipe Ezabella e Fernando Alba

Mudança em estatuto em ano de eleição? Muito cuidado!

Por Felipe Legrazie Ezabella e Fernando Alba Braghiroli

No apagar das luzes de 2019, logo após a realização a última reunião do Conselho Deliberativo (13/12) que deixou de apreciar a proposta orçamentária pela falta de esclarecimentos, fomos todos surpreendidos com a nomeação pelo Presidente do Conselho Deliberativo de uma Comissão de Conselheiros para a Reforma do Estatuto.

Se a nomeação da Comissão é de duvidosa legalidade, uma vez que o parágrafo 3º do artigo 87 do Estatuto exige uma aprovação prévia do Conselho para sua criação, não resta a menor dúvida que ela não é legítima.

Isso porque a nomeação não foi precedida de debates, não houve o reconhecimento da necessidade de alteração do texto legal e também porque as chapas eleitas pelos associados na última eleição não estão integralmente representadas. O Movimento Corinthians Grande Corinthians Grande (do qual fazemos parte, de viés oposicionista e que elegeu uma das chapas), não teve representante nomeado para a Comissão.

Superada tais questões, não seriámos nós, associados como quaisquer outros, a querer atrapalhar uma eventual bem intencionada vontade de aprimorar as normas corinthianas – até porque são muitos os pontos que merecem atenção.

Isso se a real intenção for mesmo o aprimoramento de normas como um todo… porque passados quase dois anos da eleição do Conselho Deliberativo, há de se estranhar a nomeação de comissão às vésperas de mais um pleito eleitoral.

Sem querer redigir ou propor ainda qualquer texto específico à Comissão, gostaríamos de sugerir algumas ideias para a reflexão e o aprimoramento legislativo do clube em dois campos: Governança e Política.

Na área de GOVERNANÇA são muitas as ideias que vêm sendo debatidas na gestão de entidades associativas, sempre em busca de PROFISSIONALIZAÇÃO e TRANSPARÊNCIA TOTAL.

Novas formas de controle e responsabilização por gastos, acompanhamento orçamentário, novas funções e atribuições dos conselheiros, adoção de mecanismos mais eficientes para a prevenção e punição em casos de descumprimento estatutário, profissionalização da gestão, criação de uma diretoria independente de conformidade e integridade (compliance) e, ainda mais importante, a incorporação obrigatória de todas as informações administrativas e financeiras relativas às empresas e aos negócios que o clube faça parte (estádio, por exemplo).

No campo POLÍTICO, para uma gestão efetivamente democrática, se faz necessária a implementação de mecanismos que aumentem a participação de corinthianos na eleição.

Na reforma de 2008 conseguimos aumentar substancialmente a participação, passando a escolha do Conselho Deliberativo (400 integrantes) para a Assembleia Geral (média de 4.000 associados votantes).

Mas 4 mil votantes é muito, muito pouco. Temos que nos atentar à realidade. Já há alguns anos não somos apenas o Parque São Jorge. Somos Itaquera. Somos os Centros de Treinamento. Somos a cidade e o estado de São Paulo. Somos o Brasil.

Temos uma base de dados imensa, consolidada pelos anos de utilização de torcedores por meio do sistema “Fiel Torcedor”. Temos que pensar em alguma forma de participação desses torcedores.

Outra questão importante e que diminui sensivelmente o interesse e a participação do corinthiano na eleição do clube é o tempo de associação para poder votar (e ser votado).

Até 2008, o prazo era de 2 anos para poder votar! Hoje, são 5 anos! Temos que repensar esse prazo. Isso diminui o interesse na participação, diminui a arrecadação do clube, afasta potenciais associados (e candidatos) fazendo com que a renovação do quadro seja extremamente lenta.

Ainda quanto à eleição (e usando os péssimos exemplos do último pleito que acabaram por manchar ainda mais o nome do clube), seria importante que existisse alguma forma de controle independente da eleição, uma auditoria externa que pudesse acompanhar os trabalhos junto com a Comissão Eleitoral.

Precisamos de regras mais claras sobre as práticas abusivas – como o uso indiscriminado dos dados dos associados (numa adaptação à Lei Geral de Proteção de Dados), o uso de anistias, a deliberada compra de votos e o pagamento de mensalidades por terceiros com negócios no clube.

Bom, esses são apenas alguns pontos que, na nossa opinião, poderiam ser objeto de ampla discussão pelos Ilustres Conselheiros nomeados.

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