Ontem (13), o presidente do Corinthians, Andres Sanches, apresentou acordo firmado entre o clube e a Odebrecht, em que a quitação mutua das dívidas entre as partes foi assinada.

Esse documento inexistia, até a semana passada.

Porém, o que é apresentado como ‘grande conquista’ pelo mandatário alvinegro trata-se, em verdade, de nova facilitação à construtora, extremamente lesiva, por sinal, aos caixas do Timão.

Vale lembrar que Sanches e outros cartolas do Corinthians são acusados, por executivos da própria Odebrecht, de receberem propinas, exatamente, para defender os interesses da empresa nesse negócio.

Vamos aos fatos.

Há alguns meses, o Blog do Paulinho revelou, em primeira mão, o repasse de todos os CIDs, então em poder do Arena Fundo, para a Odebrecht, objetivando zerar a pendência do clube com a construtora.

Desde então, a quitação da dívida do Corinthians era conhecida e havia sido oficialmente citada nos dois últimos informes do Fundo, enviados à CVM.

Restava, porém, a formalização do acordo, por conta do que a Odebrecht devia ao Timão, e não o contrário.

Eis aí o ‘pulo do gato’.

Recente auditoria, bancada pelo clube e exposta, inclusive, aos conselheiros alvinegros, deu conta de que a construtora deixou de realizar ou, em alguns casos, entregou em desconformidade com o acordado, entre R$ 200 e R$ 300 milhões em obras.

Ou seja, dinheiro que a Odebrecht deve ao Corinthians.

São estes valores que Sanches, nesse acordo exposto, ontem, publicamente, abriu mão de receber, sem que, como deveria, consultasse, previamente, o Conselho Deliberativo.

Essa dívida, apesar de conhecida, nunca foi cobrada, seja extra-oficialmente ou através da Justiça.

Além de livrar a Odebrecht de pagar a despesa, boa parte das obras, essenciais ao funcionamento da Arena, terão que ser finalizadas, com o custo bancado pelo clube, ampliando ainda mais a pendência.

Além disso, é para se pensar: por que Andres Sanches decidiu, em tempo recorde, quitar todos os valores que o Corinthians devia à Odebrecht, além de perdoar as dívidas da construtora, mas não agiu da mesma maneira com a CAIXA, sabedor que era das sanções a que submeteria o Timão pela inadimplência ?

Qual a motivação da prioridade ?

Talvez a Polícia Federal consiga responder, em meio às investigações que já perduram algum tempo, esse questionamento.

Enquanto isso, a CAIXA, caloteada pelo Corinthians, protocolou, formalmente, desmentindo discurso de Sanches a conselheiros de que tratava-se de notificação ‘extra-judicial’, a execução da dívida alvinegra com o banco, cobrando R$ 536 milhões, incluindo multa de mais de R$ 60 milhões pela inadimplência, além de acréscimo de 9% para 12% de juros na mensalidade.

A ação tramita na 24ª Vara Civil de São Paulo.

Dias antes, a CAIXA já havia processado também o Arena Fundo, que também tem o Corinthians como cotista, ao lado da Odebrecht e da Arena Itaquera S/A.

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