Novas mensagens reveladas pelo ‘The Intercept’ comprovam que os procuradores do MPF, principalmente Deltan Dallagnol, possuem certeza que Flavio Bolsonaro e o sumido Queiroz cometeram crimes, e que acreditam na possibilidade do pai, o presidente Jair Bolsonaro, estar envolvido.

Pior: decidiram-se pela omissão, com receio de represálias, não se sabe ao certo, do próprio chefe da nação ou de seu ministro, Sérgio Moro.

O ex-juiz, indica o teor das mensagens, soube da ‘aflição’ dos procuradores, e, novamente, omitiu-se, ou, talvez, tenha pressionado pelo silêncio.

Estes fatos coligam-se com a decisão do Ministro Toffoli de impedir, a pedido de Flávio Bolsonaro, investigações originárias de dados colhidos pelo COAF, sem que embasados em solicitação judicial.

A questão: como a Justiça poderia autorizar inquérito semelhante se, em regra, os pedidos são embasados nos dados fornecidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras, que tem como função, justamente, alertar para possíveis desvios de conduta ?

Ou seja, enquanto o ‘The Intercept’ é acusado de atentar contra a ‘Lava-Jato’, em verdade, os ataques são oriundos de ‘fogo amigo’, seja por conta de relações reprováveis entre procuradores e juizes ou pela nítida interferência governamental, evidenciada na recente decisão, fora da normalidade, do STF.

Justifica-se o medo: é mais provável que Jair Bolsonaro, que conheceu Queiroz nas forças armadas quando Flávio tinha apenas três anos de idade, seja o mentor do ex-funcionário ou o filho que vive de obedecer suas ordens ?

Seguir com as investigações, conforme o próprio Dallagnol alerta nas mensagens vazadas no último final de semana, poderá atingir, de maneira insolúvel, a cúpula do Governo.

Para salvar a própria pele, Bolsonaro atirou contra a ‘Lava-Jato’, apesar de viver jogando a culpa pelos supostos ataques em seus adversários e também em boa parte da imprensa.

Enquanto isso, ciente de toda a movimentação, o desmoralizado MPF, em vez de investigar a todos com isonomia, segue jogando xadrez com as possibilidades políticas e financeiras que possam, de alguma maneira, beneficiar seus representantes.

Um jogo imundo, com objetivo único de empate.

Por fim, apenas para não passar batido, Joyce Hasselmann, líder do Governo, com o desconstrangimento típico dos plagiadores, disse que teve celular invadido, talvez, pelos mesmos que ‘hackearam’ o aparelho do ex-juiz Sérgio Moro, pegando carona na nunca comprovada versão de que os vazamentos são oriundos de ataques cibernéticos.

Hasselmann e Moro são exemplos perfeitos dos hábitos, costumes e complacências necessárias para fazer parte de um governo de figuras execráveis, como as representadas por gente como os Bolsonaros, assim como seus aliados, os Dallagnols da vida, alpinistas sociais disfarçados de moralistas, sempre à espreita da melhor oportunidade.

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