Da FOLHA

Por MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

Não se pode esperar grande coisa da malta fanatizada e desmiolada que frequenta redes sociais para alimentar guerras políticas e ideológicas. Os rinchos desse tipo de militância são conhecidos. Não seria de esperar que o tom fosse modulado para comentar o episódio da breve soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comparecer ao velório de seu neto.

O que em condições normais poderia, sim, causar espanto seria um deputado federal, filho do presidente da República, liderar o coro da palermice em momento tão delicado. Mas o que hoje podemos considerar normal? À luz dos padrões vigentes, num país que levou ao poder sumidades da ralé política, intelectual e moral, Eduardo Bolsonaro é apenas mais uma criatura repelente do pântano em que nos atolamos.

Seu comentário no Twitter, que ignora a lei (presos podem sair nesses casos) e também as regras básicas de convívio humano e democrático, não deixa dúvida sobre quem é o parlamentar conhecido por bajular Donald Trump e se entender com milicianos:  “Lula é preso comum e deveria estar num presídio comum. Quando o parente de outro preso morrer ele também será escoltado pela PF para o enterro? Absurdo até se cogitar isso, só deixa o larápio em voga posando de coitado.”

Os “garotos” Huguinho, Zezinho e Luizinho Bolsonaro seriam apenas personagens extravagantes não fossem exemplo da miséria mental e dos costumes do clã do presidente -que se comporta perigosamente como dono do Brasil.

Até aqui, Bolsonaro, o pai, preferiu silenciar sobre Lula. Melhor. Como disse Romário sobre Pelé, calado é um poeta. Sua incontinência verbal já levou conselheiros e interlocutores políticos a preparar um plano para limitar os comentários do mandatário sobre a reforma da Previdência –o principal  assunto que ainda leva o establishment a aturar esse despautério no poder.

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