Waldemar Zumbano

Por ALBERTO MURRAY NETO

Há uma boa história do Waldemar Zumbano, tio de Eder Jofre. A família Zumbano era toda stalinista militante. Eram membros ativos do PCB. Foram tantas as vezes em que meu avô foi tirá-los da cadeia, presos injustamente que eram. Eram muito amigos de meu avô, Major Sylvio de Magalhães Padilha. Família exemplar, de esportistas natos.

Em 1964 a nossa delegação Olímpica, sob o comando do meu avô, vai embarcar para os Jogos Olímpicos de Tokyo. Estão no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A certa altura um oficialzinho de plantão dá voz de prisão ao Waldemar Zumbano e o impede de viajar. A razão: Zumbano é comunista. Deve ser detido.

Meu avô foi ao oficial de plantão e disse:

“Aqui não se trata de uma questão de patente militar. Porque se assim fosse, a minha é superior à sua e eu poderia dar a ordem de soltura. A questão aqui é diferente. Esta é uma Delegação Olímpica, que está sob o meu comando. Sou o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro e determino que o Professor Waldemar Zumbano seja imediatamente solto e viaje conosco. Se Você não fizer isso, eu saio daqui e mando toda delegação de volta para casa. Aviso que o Brasil não vai mais à Olimpíada do Japão. E vou contar que o culpado é Você. Ou o Professor Zumbano viaja, ou o Brasil não irá aos Jogos Olímpicos por culpa sua.”

Imediatamente Waldemar Zumbano foi liberado e viajou para Tokyo, como chefe da nossa Equipe de Boxe, função para a qual havia sido convocado pelo COB.

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