Nas últimas eleições presidenciais, em que se enfrentaram representantes de um modelo imperfeito, mas democrático de gestão, contra extremistas de direita, apoiadores da ditadura e da tortura, mesmo provocado a se pronunciar, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, apesar de ameaçado de morte (em entrevista) pelo representante dos fascistas, omitiu-se.

A desculpa do silêncio foi manter o respeito dentro do PSDB.

Em quarenta anos, FHC mudou, para pior.

No dia 13 de março de 1978, em condições bem menos favoráveis, o sociólogo, então no MDB, ainda longe de ser Presidente, concedeu entrevista ao “subversivo” jornal Movimento, em que, corajosamente, afrontou a ditadura.

Selecionamos os trechos principais:

“Eu acredito que hoje para expressar a vontade nacional, as oposições, embora diversificadas, devem unir as várias camadas da sociedade contra o autoritarismo”

“Eu estou convencido que é obrigação das oposições neste momento somar o maior número de votos para mostrar, enfaticamente, outra vez que o povo está contra o regime e que este estilo de reforma sob a égide do “Pacote de Abril” não é o que satisfaz a vontade popular”

“Eu acho que a tarefa principal da oposição é unir o povo, esclarecer o povo, dar passos no sentido da democratização, e colocar no horizonte as questões de igualdade e participação no processo decisório”

Quando ícones de lutas importantes, como FHC, perdem a coragem de se contrapor a deploráveis, o país paga o preço, que somente será avaliado, com exatidão, no momento em que o inventário do retrocesso estiver concluído.

 

Facebook Comments