Tempos atrás, ao assistir – sempre o faço – a documentários sobre a 2ª Guerra Mundial, questionei, em silêncio: “como a população da Alemanha conseguiu se deixar levar por essa onda que transformou-os, quase todos, em fanáticos por um nazista como Adolf Hitler?”.

A história explica em diversas teses, mas a mais razoável parece ser a da busca pelo “salvador da pátria” em meio ao caos existente.

Logo após o questionamento, pensei: “esse tipo de situação, excetuando-se locais de cultura religiosa extremista, seria impensável nos dias atuais… no Brasil, então, impossível”.

Cometi, conforme comprovaram as urnas de primeiro turno das eleições brasileiras, enorme erro de avaliação, porque subestimei não apenas a esperteza dos fascistas – que sempre estiveram, antes calados, agora ruidosos, à espreita do poder – e também das décadas de ensino deficiente no país, que levaram a população a preocupante estado de incultura, facilitador para todos os tipos possíveis de “lavagens cerebrais”.

Quem não possui acesso às referências, necessárias para questionar, acaba não pensando, tornando-se vítima fácil dos manipuladores – estes, espertos, as vezes inteligentes, mas, em regra, sempre imorais em nome da “moralidade”.

Exemplos não faltam, desde as ‘ovelhas” de Edir Macedo aos eleitores de tiranos, mundo afora.

Mas, se a população brasileira tem flertado com a autodestruição, mesmo alguns acreditando-se diante da “salvação”, é inadmissível que o mesmo ocorra com profissionais que tem, por obrigação, estar bem informados, seja do que ocorre no presente, mas, principalmente, das referências do passado.

É inadmissível, por exemplo, que jornalistas votem em ditadores ou façam campanha a fascistas.

Não se trata aqui de patrulhamento de ideologia, mas de compromisso com a histórica luta pela igualdade de direitos e deveres.

Dentro da democracia, qualquer posicionamento político é questionável, seja de esquerda, direito e centro, mas aceitável diante da diversidade necessária de pensamentos, mas o mesmo não pode acontecer com ideologias que, claramente, atentam contra a raça humana, entre as quais: nazismo, fascismo, fundamentalismo religioso, e tantas mais.

Calar-se diante do descalabro é também comportamento indigno de quem tem, por ofício, a obrigação de informar, opinar, sobrepor-se à onda de “fake-news”nas mídias sociais, que hoje fazem, com muito mais penetração, o trabalho que Goebbels realizou em favor de Hitler, de massificação da mentira na cabeça de quem não tem acesso a verdade.

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