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Da FOLHA

Por JUCA KFOURI

A investigação sobre a final do Paulistinha é novela com fim mais que sabido

A decisão do Paulistinha de 2018 insiste em não terminar. E tudo indica que a investigação sobre auxílio externo não acabará tão cedo, embora seja novela com final certo e sabido: não dará em nada.

Como jamais se identificou quem empestou com gás o vestiário do São Paulo no antigo Parque Antárctica nas semifinais do Estadual de 2008.

Porque as investigações dos tribunais esportivos pelo país afora são feitas para virar pizzas desde sempre.

O que não invalida o esforço do Palmeiras em provar aquilo que também todo mundo sabe, porque se a decisão de voltar atrás na marcação do pênalti que não houve, de Ralf em Dudu, tivesse sido fruto apenas do auxílio de quem legalmente pudesse fazê-la, não teria demorado oito minutos para ser tomada.

A convicção geral é a de que houve sim interferência externa de quem recebeu o aviso sobre a inexistência da falta.

Aí entramos na velha discussão sobre o legal e o justo.

Como escreveu o jurista uruguaio Eduardo Jean Couture, “Teu dever é lutar pelo direito, mas se um dia encontrares o direito em conflito com a justiça, luta pela justiça”.

No caso, parece óbvio, prevaleceu o justo.

A subjetividade sobre o conceito de justiça, porém, autoriza o Palmeiras a lutar pelo direito e é o que o clube tem feito, ao recorrer até à Kroll, consultoria multinacional de investigações que ficou com imagem abalada no Brasil quando, em 2004, foi pega fazendo espionagem industrial a serviço do banco Opportunity.

Como sói acontecer, a Kroll deu razão ao contratante ao mostrar imagens de um funcionário da Federação Paulista de Futebol com toda aparência de estar usando um telefone celular, bugiganga proibida dentro do gramado.

Sim, também há convicção de que o homem está com um telefone nas mãos.

Some-se aos oito minutos de espera e pronto: a convicção fica ainda mais convicta na cabeça dos de boa vontade, independentemente do time de coração.

Voltemos ao lance do pênalti. Entre os ex-árbitros comentaristas em todos os canais de TV houve rara unanimidade sobre sua inexistência.

Entre os jornalistas corintianos também, embora entre os palmeirenses haja quem tenha visto uma questão de interpretação, mesmo que também concordem que a falta não aconteceu.

Lembremos não ser essa questão, se houve ou não houve falta, mas sobre a interferência de fora que, se provada, justificaria a anulação do jogo.

O busílis está no “se provada”. Nenhuma imagem até agora prova nem que o funcionário da FPF tinha mesmo um telefone nas mãos. Haverá como quebrar o sigilo telefônico do cidadão?

Como o Ministério Público entrou na investigação seria providência valiosa, ainda mais porque o Tribunal de Justiça Desportiva já resolveu arquivar o caso, como dele se esperava.

De resto, espera-se que o presidente palmeirense, Maurício Galiotte, mantenha o rompimento com a federação e até sabote o Estadual de 2019 caso a investigação não esgote todas as possibilidades para fazer prova das convicções.

Seria a demonstração cabal de alguém que queira realmente a limpeza no futebol, e não apenas o chororô depois de uma dura derrota dentro de campo.

Porque Galiotte calou diante do “golpe Caboclo” na CBF, votou no sucessor do Marco Polo que não viaja e nada tem feito, ao contrário, para evitar que dona Leila Pereira vire dona do Palmeiras, atentado contra a cultura futebolística do país ainda maior que o uso de ferramenta irregular para corrigir um erro crasso que, caso virasse o empate para dar o título estadual ao Alviverde (caso, sim, porque na mesma tarde o goleiro Cássio pegou dois pênaltis) criaria outra ladainha.

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