Em diversas entrevistas, o deputado federal Andres Sanches (PT), presidente do Corinthians, tem por hábito afirmar que toda a engenharia financeira do estádio de Itaquera foi proposta e gerida pelo diretor de marketing Luis Paulo Rosenberg.

No último final de semana, a revista Época revelou emails, trocados entre Marcelo Odebrecht e Luciano Coutinho, então presidentes, respectivamente, da construtora da Arena e do BNDES, que colocam em dúvida esta versão.

Diz Odebrecht:

“Luciano, não devem estar lhe atualizando, mas não existe nenhum problema entre Odebrecht e clube (Corinthians)”

“Faz exatamente seis semanas que estamos esperando do BB (Banco do Brasil) e BNDES uma proposta para o clube para que a ODEBRECHT assuma a gestão comercial e operacional do estádio em uma condição que seja aceitável para o clube e assim possamos aceitar estender nosso ESA para além do período de construção que era inicialmente combinado”

“Estou quase implorando de joelhos esta proposta da equipe do BB e BNDES e não consigo tirar ela !”

“Você sabe que pode contar conosco, mas hoje o ônus está sendo bancado única e exclusivamente por nós, enquanto clube, BB e BNDES não se entendem”

Fica evidente que toda a operação foi gerida pela Odebrecht (inclusive após a obra) e que o Corinthians, por diversas razões, mal conseguia se acertar com seus parceiros.

A própria composição do Arena Fundo (administrado pela construtora), com as principais fontes de receita alvinegras desviadas para quitar pendências com a Odebrecht, além da impossibilidade, contratual, do Corinthians tomar qualquer decisão relevante, demonstram bem que, fora do que a Operação Lava-Jato tem investigado, os dirigentes do Timão, diferentemente da versão oficial, não eram propriamente os protagonistas do negócio.

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