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De O GLOBO

Por BERNARDO MELLO FRANCO

O deputado João Rodrigues gosta de se apresentar como um “homem de bem”. Dublê de parlamentar e locutor de rádio, ele costuma subir à tribuna para defender o endurecimento das leis penais. Milita a favor da pena de morte, da redução da maioridade e da liberação do porte de armas.

Para o catarinense, o país precisa de uma “faxina”. Ele considera que direitos humanos são um biombo para proteger criminosos. “A bandidagem está aí circulando e matando”, vociferou, numa entrevista. “Esse povo tem que sair de circulação por bem ou por mal”, acrescentou.

Há quatro meses, o deputado do PSD farejou um novo mote para surfar a onda conservadora. Passou a atacar os organizadores da exposição “Queermuseu”, que virou alvo de protestos em Porto Alegre. “Canalhas! Pilantras! Tarados!”, acusou. “Vamos ter o mínimo de respeito com a família brasileira!”, prosseguiu.

Exaltado, o deputado voltou a mira contra os colegas que se diziam preocupados com a volta da censura às artes. “Não consigo acreditar que haja algum pilantra, algum vagabundo nesta Casa que aplauda isso. Mas, se houver, tem que levar porrada!”, discursou. “Tem que levar cacete para aprender! Bando de traidores da moral da família brasileira. Se você apoia tarado, é na sua cara que eu dou!”.

Alguém mencionou que Rodrigues é o mesmo deputado que, em 2015, foi flagrado vendo vídeos pornográficos no plenário. Ele não se constrangeu com a lembrança. Semanas depois, voltou à tribuna para defender mudanças na lei para prender mais.

“Vejo determinado parlamentar dizer: ‘Encher os presídios não resolve’. Mas matar inocentes resolve? Não importa se é para um milhão ou dois bilhões de detentos que este país vá!”, empolgou-se.

Ontem o Supremo Tribunal Federal emitiu um mandado de prisão contra Rodrigues. Ele foi condenado por fraudar uma licitação em 1999, quando era prefeito do município de Pinhalzinho.

A sentença foi confirmada em segunda instância há nove anos, mas o deputado continuava a recorrer em liberdade. Agora ele deve trocar a bancada da bala pela bancada da Papuda. Vai realizar o sonho de aumentar a população carcerária — mas não exatamente como gostaria.

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