Em panfletária entrevista concedida a José Luiz Datena, na rádio Bandeirantes, o deputado federal Andres Sanches (PT), candidato a presidente do Corinthians, apesar de ajudado pelo jornalista, enrolou-se quando questionado sobre problemas judiciais e mentiu:

“Eu tenho processo no STF, três processo que são… tenho seis, desculpa, tenho seis…”

“(…) três é do Corinthians (sic) que era negócios de imposto que não se pagou há muito tempo atrás… que já está resolvido, está tudo certo, está se pagando, está tudo arquivado”

“(…) tenho três, que um é eleitoral, que também já está tudo certo… que foi um erro do partido (PT) que deixou um bem meu fora da declaração, que depois já consertou e também vai ser arquivado…”

“(…) e tenho dois, que eu era sócio de um primo meu, há muitos anos atrás, ele teve problema, que ele está brigando na justiça negócio de imposto que deve ou não deve… e me puseram junto…”

Falou ainda da “Operação Lava-Jato”:

“Eu não tenho nenhum processo de “Lava-Jato”, não tenho nada, apesar das pessoas insinuarem isso, mas eu não tenho…”

“Os meus processos não estão nenhum com o Fachin, que é o direto da “Lava-Jato”… eu tenho processo com o Ministro Luis Fux e com o Celso de Melo”.

Vamos aos fatos:

As três ações em que Sanches é indiciado junto com um trio de dirigentes do Corinthians: André Negão, Roberto Andrade e Raul Corrêa da Silva, não foram promovidas, como alega o deputado, por “imposto que não se pagou há muito tempo atrás”, mas sim por uma política – defendida publicamente pelos cartolas alvinegros, de calote no fisco para utilização destes recursos como se fossem lucro do clube.

Sobre “já está resolvido” e “está se pagando”, há controvérsias, tanto que o STF, que confere o parcelamento a cada seis meses, repassou a ação para pronunciamento do MPF, que analisará, nos próximos dias, se tudo está, de fato, sendo quitado.

Vale lembrar que, independentemente disso, o Corinthians precisou, às pressas, para evitar o vexame da prisão de seus dirigentes, tomar mais de R$ 100 milhões no mercado, a juros crescentes, dados como entrada de uma dívida que supera R$ 400 milhões.

Na ação eleitoral, o objeto da controvérsia nada tem a ver com erro do partido em em deixar de fora “um bem” do deputado, mas sim dissimulação de doação de companha, em que suspeitou-se da intermediação de empresas fajutas no repasse de verbas, além de pagamento de propina em depósito oriundo da JBS.

Este processo, que Sanches diz: “vai ser arquivado”, desdobrou-se noutras investigações, amplamente divulgadas pela mídia.

Mentira maior foi contada pelo parlamentar nas ações em que diz: “me puseram junto”, referentes aos golpes de “arara” oriundos de empresas fajutas administradas pela ORCRIM “Sol Embalagens”, todas, quando não em seu nome, no de parentes e prepostos conhecidos da Polícia Federal.

Numa delas (colocada em nome de ex-funcionárias), Andres Sanches, destoando do que revelou à rádio Bandeirantes, nega que ele e seu “primo” são proprietários, apesar de, nos autos, já constar perecer da Receita Federal o incriminando, com direito a procuração de “plenos poderes”, concedidas em seu nome pelas “vítimas’, utilizadas em compras fraudulentas e empréstimos milionários que lesaram diversas instituições bancárias.

Com relação à “Lava-Jato”, o dirigente figura como investigado, assim como seu braço direito, André Negão, em ação que tramita em “segredo de justiça”, exatamente com o Ministro Edson Fachin – vale lembrar que Negão chegou a ser detido para esclarecimentos – razão pela qual em buscas pelo sistema do STF seus nomes não são encontrados.

Ambos acusados, e expostos midiaticamente, como prováveis recebedores de propinas da Odebrecht, por ajudarem a superfaturar a obra do estádio de Itaquera, aprovada pelo Conselho Deliberativo em R$ 330 milhões, que, após conclusão, atinge, com juros, quase R$ 2 bilhões.

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