No próximo dia 14 de dezembro, às 08h20, no âmbito da ação promovida por ex-funcionárias da ORCRIM “Sol Embalagens”, que transformou-se em inquérito criminal contra o deputado federal Andres Sanches (PT), acusado, junto com parentes, pelos crime ligados à prática de “arara”, a testemunha Ivanildo Barbosa será inquirida, na cidade de Goiânia/GO.

É grande a apreensão do agora candidato a presidência do Corinthians, mas também de seu assessor, Olivério Junior.

Suspeita-se que a dupla utilizava-se, não apenas para negócios das “empresas”, mas também em acordos no mundo do futebol, de sistema de distribuição de combustíveis na região, para ocultar recebimentos em dinheiro, entre as quais a Luppi Participações, do Major Dirceu Oliveira, investigado por diversos crimes pela Polícia Federal.

Ao menos um caso, no futebol, foi revelado sob esse contexto: a contratação, em 2008 (presidência de Andres Sanches) de Eduardo Ramos (que poucos haverão de lembrar), trazido ao clube por Olivério Junior e apresentado à mídia como “novo Kaká”, apelido criado pelo notório ilusionista Luis Paulo Rosenberg, mas divulgado pelo então dirigente de futebol Antonio Carlos Zago, todos beneficiários do negócio.

À época, o agente Carlos Leite, sócio do treinador Mano Menezes, disse ter emprestado R$ 600 mil ao clube para que a transação fosse concretizada.

Porém, aos poucos, o caso foi sendo esclarecido.

No processo nº 0116317-82.2008.8.26.0008, o empresário Reynaldo José Felipe cobrava do agente Omar Ribeiro de Vasconcelos e também do jogador  Eduardo Ramos, R$ 100 mil de comissionamento sobre o negócio com o Corinthians

Consta, na ação, que Omar Vasconcelos repassou ao empresário Carlos Leite os direitos de Eduardo Ramos por R$ 500 mil, e que este, posteriormente, revendeu ao Corinthians, com a diferença  (R$ 100 mil) transformada em lucro.

À época, tanto Leite quanto a diretoria disseram, publicamente, que o empresário estaria “ajudando” o clube, sem nada receber em troca.

Na Justiça, o Corinthians respondeu não ter pagado comissão sobre o negócio e que inexistiram intermediários na operação.

Tratava-se, em verdade, de dissimulação.

O clube depositou R$ 500 mil, segundo o processo, na conta da AGECAM, do empresário Calos Antônio Martins Cam, de Goiânia, ligado ao “jornalista” Oliverio Junior, assessor de Andres Sanches e Kia Joorabchian, como pagamento antecipado por “direitos de imagem”.

Não há menção aos R$ 100 mil de diferença.

Diante das controvérsias, à época, Andres Sanches foi convocado ao CORI, do Corinthians, para tentar esclarecer a questão, mas a documentação apresentada acabou por confundi-la ainda mais:

  • o empréstimo de Carlos Leite foi dividido em dois pagamentos: R$ 500 mil no ida 07 de março e R$ 100 mil em 25 de março de 2008;
  • a contratação de Eduardo Ramos, porém, se deu dois meses depois;
  • o contrato de Eduardo Ramos com o Anápolis/GO venceu em 15 de maio;
  • mesmo sabedor de que, nesta data, o jogador estaria sem contrato e nada custaria aos cofres do clube, o Corinthians, 14 dias antes, teria insistido em pagar para contratá-lo;

A suspeita, óbvia, é a de que o dinheiro, depositado na conta de gente ligada a Olivério Junior, e, consequentemente a Andres Sanches, nunca tenha sido, de fato, utilizado na contratação, e que o dinheiro de Carlos Leite seria repasse de percentual de vantagens indevidas a dirigentes do Corinthians.

Abaixo o BID da CBF de Eduardo Ramos, à época dos fatos:

Este “fantasma” do passado, junto com as questões do presente, parece ter retornado para assombrar o deputado Andres Sanches, envolto em diversos outros problemas, entre os quais a investigação de recebimento de propina, oriunda da Odebrecht, por facilitar o superfaturamento do estádio de Itaquera.

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