Da FOLHA

Por JUCA KFOURI

HÁ QUEM atribua a má vontade com Felipe Melo à estupidez cometida por ele ao pisar em Robben e ser expulso quando a seleção brasileira perdia por 2 a 1 para a holandesa na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.
Bobagem.

O pecado foi mortal, mas, no futebol, até pecados mortais são perdoados quando, depois, o pecador traz mais alegrias do que tristezas.

Definitivamente não é o caso dele, embora bom jogador. Felipe Melo entrará para a história mais pelas violências que cometeu e pelas declarações estapafúrdias que deu.

Há, ainda, quem veja nas críticas a ele o fato de apoiar Jair Bolsonaro.

Outra bobagem.

É ótimo que os atletas se posicionem politicamente, mesmo quando em torno de alguém tão odiento, o que, aliás, em se tratando de quem se trata, faz todo sentido.

Surpreendente é verificar que o pacífico Jadson e o doce Roger, do Botafogo, pensam como Felipe Melo, mas, paciência.

Ou só vale se posicionar quando de acordo com o que pensamos?

As críticas a Felipe Melo são tão merecidas como são burros os aplausos que recebe de iludidos torcedores em busca de um machão.

Cuca começou a cair quando teve de perdoá-lo.

O episódio revelou duas faces sórdidas da mesma moeda que financia o Palmeiras: o machão recuou feito um gatinho das barbaridades gravadas que disse, porque a dissimulação faz parte do negócio.

E o técnico teve de engolir a pressão de quem o trouxe de volta a contragosto e o golpeou firme quando o sentiu nas cordas.

Ninguém desconhece que Alexandre Mattos, o homem forte da presidenta Leila Pereira no futebol alviverde, é tão bom na politicagem como é ruim de pontaria, ao contratar a torto e a direito para ver se acerta.

Pois a torcida quis, Felipe Melo voltou e do banco foi para o campo por exigência dela, que o pediu em coro e o aplaudiu como se fosse Dudu, Ademir da Guia, Leão, São Marcos, Alex, como se a Academia fosse de MMA.
Deu no que deu. O Palmeiras vencia o Bahia por 2 a 1 quando ele entrou e tomou o gol de empate, apesar de cada carrinho do volantão ser saudado como se fosse um lançamento, um chapéu ou um gol.

Cuca estava desmoralizado e não tinha mais mesmo o que fazer no Palmeiras.

Menos mal que o técnico interino Alberto Valentim foi respeitoso com Cuca e deixou Felipe Melo no banco na boa vitória por 3 a 1,em Goiânia, contra o Atlético local, em tarde inspiradíssima de Keno, autor dos três passes para os três gols alviverdes.

Facebook Comments