O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), ao visitar a Rocinha, foi recebido com uma saudação: “Tá sumido, prefeito”.

Ao completar nove meses no cargo, sua administração marcou-se mais pela ausência do que por realizações. Fez cinco viagens internacionais e pouco apresentou. O prefeito reclama de ter sido prejudicado por deficit deixado por seu antecessor. Eduardo Paes (PMDB) nega e o acusa de incompetência.

Talvez ambos tenham razão. Relatório sigiloso que recentemente veio à tona mostra que Crivella e Paes estão irmanados na falta de coragem para enfrentar um dos grandes problemas do Rio. As empresas de ônibus da cidade são tão danosas quanto empreiteiras na alimentação da corrupção nacional.

Consultoria contratada para analisar o sistema de ônibus chegou a constatações estarrecedoras: as tarifas são definidas com base em custos superestimados; itinerários não são cumpridos; motoristas trafegam com excesso de velocidade.

Os donos de consórcio de ônibus no Rio são dos maiores financiadores eleitorais. Paes encomendou o relatório e tratou de escondê-lo. Crivella preferiu ignorá-lo, apesar de o custo de elaboração ter sido pago pela prefeitura.

O prefeito deve estar à espera de algum milagre. Faz parte do estilo do ex-bispo da Universal. Uma demonstração de seu modo de governar tem sido repetida por empresário da área de turismo. Relatou a amigos detalhes de reunião com Crivella. Em determinado ponto, divergiram sobre como a prefeitura deveria proceder para incrementar investimentos na cidade. Quando o empresário insistia em rebater Crivella, disse que o prefeito se levantou, pôs a mão em sua cabeça e imprecou: “Sai, Satanás!”

O empresário desconhece o destino de Satanás, mas contou que tratou de se levantar e de deixar Crivella a sós com seus demônios.

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