Rogério Ceni e Michael Beale durante a pré-temporada nos Estados Unidos

“(Cotia) É o maior ativo do São Paulo e a melhor categoria de base do Brasil. Há ótimos jogadores. Mas ótimos jogadores para o São Paulo ou para os diretores fazerem dinheiro? Esse dinheiro das vendas está realmente sendo direcionado para pagar a dívida? Para mim não está claro”


Em entrevista ao UOL, o inglês Michael Beale, ex-auxiliar de Rogério Ceni, fez graves acusações contra a gestão de Leco no São Paulo.

Desde incompetência até sugestões de que contratações de jogadores no departamento profissional, além da venda de promessas oriundas de Cotia, seriam, em verdade, utilizadas para remunerar, indevidamente, alguns dirigentes.

Falou também que Leco utilizou-se politicamente de Rogério Ceni, sem respeitá-lo como ídolo do clube.

Selecionamos, abaixo, os principais trechos:

“O Leco precisava ganhar a eleição (em abril). Quem melhor do que o Rogério para ser contratado como treinador? Dê às pessoas aquilo que elas querem. Depois, não dê ao treinador os jogadores no momento que ele quer, em janeiro, para montar o time para a temporada, mas contrate no tempo certo para ser eleito. Para mim, tudo foi muito bem planejado pelo Leco”

“(Cotia) É o maior ativo do São Paulo e a melhor categoria de base do Brasil. Há ótimos jogadores. Mas ótimos jogadores para o São Paulo ou para os diretores fazerem dinheiro? Esse dinheiro das vendas está realmente sendo direcionado para pagar a dívida? Para mim não está claro”

“Se tiver a oportunidade de voltar a trabalhar no São Paulo no futuro, em outra gestão, volto sem pensar”

“Senti que Leco não me queria no São Paulo. Se um inglês é o problema do São Paulo e, se ele sair, tudo se resolve, é melhor sair”

“Jogadores estavam saindo sem o conhecimento do treinador, e outros chegando sem a aprovação. Você ouve de diretores que não pode confiar em um dos auxiliares (Pintado), vê o Rogério sob pressão e sabe que em alguns dias sua família tem de ir embora por oito meses… Isso é uma loucura!”

“O Rogério ama demais o São Paulo. Ele defendeu o clube por 25 anos, mas não deram a ele 25 semanas como treinador”

“Senti que o presidente não me queria no São Paulo de jeito nenhum. Ouvi que ele não gostava de mim pessoalmente. Não tinha nada contra ele, mas talvez eu estivesse tentando impedir a saída de alguns jogadores e ele achasse que não deveria fazer aquilo. Pelo respeito que tenho pelo Rogério, foi melhor sair. Se eu tivesse ficado mais cinco dias, eu teria recebido muito dinheiro do São Paulo por ser demitido, assim como Rogério e Charles foram depois.”

“Não tive muito contato com o Leco. O que posso dizer é que ele não foi amigável. Quando não existe clareza no rumo do clube… Esse é o grande erro dele, (falta de) clareza. No São Paulo existem muitos diretores que gerenciam o clube como se fosse um jogo de computador: vende, contrata e pensa que vai funcionar”

“Rogério poderia falar muita coisa, mais do que qualquer um. Ele não vai fazer isso, porque ama o clube. Quando saí, disse para o Vinicius que as pessoas estavam usando o Rogério, e o único que sairia perdendo daquela situação seria o Rogério”

“Quando saí, disseram coisas sobre a minha família não ter se adaptado. A verdade é que houve um erro em relação ao visto que iria fazê-los voltar para a Inglaterra e não poder retornar ao Brasil até fevereiro de 2018. Viajei para Foz do Iguaçu por causa do visto, e minha família tinha de ter me acompanhado para dar andamento no processo. Não fui orientado por ninguém. Só fui avisado que eu tinha de viajar, e o visto da minha família foi feito por uma empresa indicada pelo clube. Pelo erro, a minha família teve de ir embora do Brasil. Só poderiam ficar no Brasil 180 dias por ano como estrangeiros, e depois dos primeiros 90 dias teria de ser feito o pedido de ampliação. Esse tipo de erro não pode acontecer em um clube da grandeza e da história do São Paulo. Não quero dizer que as pessoas não eram prestativas, só não sabiam o que fazer. Tive a ajuda de três pessoas no clube: Alexandre Pássaro (advogado), Rogério e Charles (Hembert, supervisor francês). Os três eu já conhecia antes de ir para o São Paulo”

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