Por RAFAEL PORCARI

Como a conversa foi pública, e recebi algumas mensagens via E-mail, Messenger e WhatsApp perguntando sobre uma determinada situação via Twitter, acho importante esclarece-la a fim de não precisar responder individualmente às pessoas que têm me questionado (afinal, a minha caixa de mensagens lotou com perguntas de quem possa estar interpretando mal, envolvendo outras pessoas).

Na manhã do dia 24 de agosto, fui citado num tuíte do ex-árbitro Guilherme Ceretta ao ex-árbitro da FIFA Sálvio Spinola Fagundes, atualmente comentarista dos canais ESPN. A questão se iniciou com essa pertinente postagem sobre a má escala de um bom árbitro carioca no jogo entre Cruzeiro x Grêmio, que definiria o adversário na final da Copa do Brasil com o vencedor de Flamengo x Botafogo (o que concordo plenamente com Sálvio – se temos 10 árbitros FIFA, por que justo um carioca?). Veja:

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Meu comentário foi a respeito da independência de quem pode criticar, já que muitos árbitros e ex-árbitros procuram afagos dos dirigentes atuais e se submetem à defesa dos cartolas do apitoinconteste. E reafirmo a minha concordância com o amigo Sálvio Spinola, discordando respeitosamente do também ex-colega Daniel Destro, pois isso não é, em meu parecer, “alimentar imaginário popular”, mas é sim colocar o dedo na ferida de um erro de escala. Para minha surpresa, fui citado por Ceretta. Abaixo, onde tento entender o motivo ao qual sou questionado:

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Ora, repito aqui: se fez por merecer, elogios. Se não foi bem, críticas respeitosas acusando o erro e a regra correta. Normal. E mais: quem disse que precisa ter apitado clássico para conhecer as Regras? Pelé, maior jogador de futebol de todos os tempos, nunca foi treinador de ponta. Tite, Felipão, Luxemburgo ou Parreira, só tiveram o devido reconhecimento como treinadores. Ou vai me dizer, por essa lógica, que comentarista esportivo nada entende? Na discordância respeitosa, abaixo:

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Na nova resposta, lembro que os homens mais corretos do entendimento das Regras do Futebol, assim como eu, não foram árbitros do quadro da FIFA. Alguém se recorda do grande professor e instrutor FIFA Gustavo Caetano Rogério apitando Flamengo x Vasco no Maracanã? Ou de Roberto Perassi, professor da Escola de Árbitros e também instrutor FIFA, quando encerrou a carreira num Palmeiras x Corinthians? Pois bem: nem sempre o “craque em campo” é o melhor professor, e vice-versa. Segue na ordem do twitter:

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Educadamente, mostrei a contradiçãoSe eu nunca apitei uma situação semelhante de semifinal de Copa do Brasil (assim como os citados Perassi e prof Gustavo, anos-luz à minha frente em estudos e conhecimento), e por tal motivo não poderia comentar arbitragem (segundo a lógica dita pelo colega), me causa espanto a defesa de Ceretta do Coronel Marcos Marinho, que nunca foi árbitro de futebol, mas que pode escalar os apitadores! Como explicar? O que o militar apitou? Abaixo:

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Enfim: ser educado com o trato das pessoas não é sinal de competência na área técnica. Sou muito cortês com todos, mas eu não posso dirigir uma ação de combate da Polícia Militar. A situação inversa se faz verdadeira também. Ademais, é notório que houve regressão na qualidade da arbitragem paulista. Continua:

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Penúltimo comentário dos tuítes: a minha discórdia vai pela questão técnica e da competência do cargoNada pessoal contra o Coronel Marinho e seu assessor da época de FPF, Arthur Alves Júnior (o Arthurzinho do Sindicato). Creio que são pessoas honestas, mas entendo que o cargo que exerceram/exercem trouxe/traz regressão à qualidade dos árbitros do estado de São Paulo, respingando na má atuação no Campeonato Brasileiro também. Nossa última mensagem:

Ultima

Claro que desejo credibilidade, e nesse ponto concordo com Ceretta mas faço uma correção: tem que acabar não com a política, mas com a politicagem!

Portanto, reitero: foi um bate-papo respeitoso, esclarecedor, que vez por outra pode ser um pouco confuso pela permissão de apenas 140 caracteres do Twitter. Aceito as opiniões do ex-árbitro Daniel Destro do Carmo, que por sinal é o tradutor do Livro de Regras para o português (parabéns pelo esforço), ao Guilherme Ceretta de Lima (que estava ou está nos EUA, é micro-empresário e não sei se ainda exerce o ofício de modelo) e ao Sálvio Spinola Fagundes Filho (este conhecido internacionalmente e que dispensa apresentações).

Tomamos rumos diferentes em nossas carreiras pós-arbitragem dentro de campo, e todos podemos ter discordância de opiniões, afinal é a democracia – desde que sejam educadas, sem animosidades e conflitos de relacionamento, mesmo que haja simpatia por determinado estilo literário ou caminho ideológico do mundo do futebol. O meu, certamente, é desprovido de vaidade, de aproximação de dirigentes ou bajulação de membros das entidades citadas (como também devo crer dos meus amigos citados na pública conversa). Aliás, se não fosse aberta, é claro que não faria esse necessário esclarecimento. Gosto e sou apaixonado pela prática e pelo estudo do futebol, seja na questão tática/prática/teórica, na sociologia do esporte como entretenimento/ciência/business e, evidentemente, na arbitragem e suas regras de futebolEstamos sempre humildemente estudando e aprendendo, pois nunca seremos donos da razão – sejam nas searas do futebol (como colunista e comentarista em Rádio, TV e Jornal), nas minhas atividades comerciais (que nada têm a ver com o esporte) ou nas acadêmicas (que são de ciências gerenciais).

Esporte é amizade, é ética, é honestidadeFair play. Que todos tenham a opinião sempre respeitada e nunca censurada.

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