Atleta mais jovem a vestir a camisa do Corinthians, aos 16 anos de idade, em julho de 2003, João Alves de Assis Silva, o Jô, surgiu na base do clube como grande promessa, mas, ainda crú, apesar de alguns bons momentos, não empolgou.

Reserva do time Campeão Brasileiro de 2005, fez parte do “cast” de Andres Sanches, então inexpressivo dirigente que engatinhava parceria com o iraniano Kia Joorabchian (que persiste até os dias atuais), resultando em sua negociação para o CSKA, da Rússia.

De 2005 a 2008, Jô explodiu, assinalando 69 gols em 83 partidas, viabilizando sua ida ao Manchester City, da Inglaterra.

Ainda bem jovem, sem boas referências morais em seu círculo de amizades, cercado apenas de tomadores de percentuais de seus rendimentos, o atacante se perdeu na noite, na química e na carreira.

Os gols, em meio a diversos empréstimos, rarearam até que, por sorte e competência, voltou a fazê-los num time do Atlético/MG que deu liga, ressuscitando, ainda que por pouco tempo, um ex-Ronaldinho Gaúcho que parecia aposentado.

Jô ganhou a Libertadores, foi destaque, mas acabou por se perder novamente, noutra parceria com o ex-astro do Barcelona, fora de campo, nem um pouco recomendável.

Pelo futebol apresentado no Galo, em 2013, chegou à Copa do Mundo de 2014, já sem ritmo, preparo físico, nem cabeça, estropiados pela inconsequência de quem não sabia se portar como atleta de futebol.

A derrota no Mundial marcou-o como um dos símbolos de uma geração “7 a 1”.

Voltou ao Galo, foi afastado por indisciplina, escondeu-se na Arábia, ganhou dinheiro na China, local em que, parecia, seria espécie de epílogo da conturbada carreira.

Eis que, aos 30 anos de idade, Jô decidiu, ainda em tempo, transformar-se, mesmo com as limitações físicas, fruto da idade e da vida pregressa, no que dele se esperava desde a adolescência: um jogador de futebol de boa técnica, razoável habilidade e inteligente no jogo coletivo.

Aplicando-se nos treinamentos, os gols voltaram.

“Ibrajômovic”, apelido da atual fase (homenagem ao genial Ibrahimovic), entrará para a história, se o Corinthians confirmar o título brasileiro, como destaque individual numa equipe reconhecida pela coletividade.

Será também sinônimo de superação e volta por cima de quem poderia ter sido mais do que foi na profissão se não tivesse sido usado, precocemente, sem a devida preparação psicológica, por abutres que ainda circundam as realidades e promessas do Parque São Jorge.

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