Visualmente bonita, principalmente para quem assiste pela televisão, a Ilha do Urubu, estádio acanhado da Portuguesa/RJ, que o Flamengo arrendou por três anos, após bancar R$ 15 milhões em reforma, é, na verdade, um martírio para o torcedor.

Mas não só para eles.

Todos os lugares do estádio são ruins, mas nada pior do que os localizados atrás das metas, sem cadeiras numeradas (em desconformidade com a legislação), uma espécie de reedição das antigas gerais.

O custo do desconforto ?

R$ 200 (preço cobrado para este domingo), mais caro do que assistir, em exemplo, em setores bem mais civilizados como os existentes nos estádios de Corinthians, Palmeiras, etc.

Sem direito, ainda, ao acesso a lanchonetes (que inexistem), obrigados a servirem-se, amontoados, em questionáveis e pouco higiênicos “food-trucks” (os do estádio).

Os jogadores, obrigados a se trocar em locais incompatíveis com a grandeza que se espera duma grande equipe (a FIFA pede 150 m², no mínimo), odeiam, mas, espertos, preferem se calar, evitando brigar com a mídia que apoia, sabe-se lá por quais critérios ou motivações, o empreendimento, do qual os próprios jornalistas tem dificuldades para trabalhar.

É um parto também, assim como ocorre no Nilton Santos, o transporte coletivo para a Ilha do Urubu, animalzinho que tem rondado a região, como se quisesse avisar dos perigos a quem frequenta barraco de favela (recém reformado) a custo de palácio de Buckingham, sem, porém, a segurança de quem se cuida por morar no local.

Os elogios midiáticos à mediocridade, que a custa da exploração de bilhetes extorsivos, e, em consequência, ao bolso dos apaixonados flamenguistas, geram lucro ao clube, seguirão até que os resultados esportivos, de fato positivos, permaneçam ou anunciadíssima tragédia (que, esperamos, nunca aconteça), precise, lamentavelmente, ser noticiada.

EM TEMPO: leitores tentam comparar a “Ilha do Urubu” com a elogiada e nostálgica “Rua Javari”… é quase o mesmo que tentar equiparar, em importância e relevância, Juventus e Flamengo. Um pode se dar ao luxo de ser folclórico, o outro necessita, para se manter grande, agir profissionalmente.

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