Ontem, o Corinthians entrou em campo, em Itaquera, para a disputa contra o Bahia pelo Campeonato Brasileiro, com a parte nobre de seu uniforme (a mais cara) exibindo o logo da obscura Universidade Brasil, empresa que disse, meses atrás, fecharia não apenas o patrocínio Master com o clube (avaliado em, pelo menos, R$ 30 milhões) como também faria proposta pelos naming-rights (que Andres Sanches, jurava, esteve sempre quase para ser concretizado por R$ 400 milhões).

Tratou-se de um incursão pontual.

Noutras oportunidades, o Corinthians cobrou, de empresas diversas, embora, a bem da verdade, nem sempre tenha recebido, valores próximos a R$ 1,2 milhão pelo mesmo sistema de propaganda (na camisa, para um jogo específico).

A Universidade Brasil nada pagará pela “pontualidade” de ontem, assistida, in loco, por 35 mil pessoas, e pela televisão por dezenas de milhares.

Qual a mágica ?

O presidente do Corinthians, Roberto Andrade, e o dono da Universidade, Fernando Costa, não necessariamente conhecidos pela fama de “Bons Samaritanos”, posaram para fotos, momentos antes do jogo, e disseram tratar-se de contrapartida, do clube, para a ‘bondade” do empresário, que prometeu conceder uma bolsa de estudos para cada gol marcado pelo Corinthians, até o limite de 500 (calcula-se 130 a cada ano).

Disse Roberto:

“Cada um vai fazendo sua parte para melhorar o país, cada um fazendo um pouco, se torna bastante”

Bom, a parte do Corinthians, sabe-se, custou R$ 1,2 milhão, sem contar as diversas vezes em que desdobramentos midiáticos, por conta da distribuição de “bolsas” (se de fato acontecerem), resultarão em exposição de marca incalculável.

Difícil, porém, é saber o real valor da “generosidade” de Fernando Costa, que tem em sua empresa principal, a UNIESP (gestora da Universidade Brasil), acusações de diversas irregularidades, entre as quais descumprimentos de TACs motivados, em exemplo, pela utilização indevida do termo “universidade”, em se tratando apenas de “faculdade”, da distribuição, noutras ocasiões, de “cursos gratuítos” (como ocorre neste momento), com os alunos, posteriormente, sendo cobrados judicialmente e a impossibilidade de fornecer diplomas após recusa do MEC em reconhecer boa parte das disciplinas aplicadas.

Afinal, de que vale uma “Bolsa de Estudos” sem o Certificado de Conclusão ?

Evidentemente, diante das diversas notícias veiculadas pela mídia, algumas bem recentes, outras objetos de CPIs, a diretoria do Corinthians tem ciência das acusações de picaretagens, mas, ainda assim, não só deu anuência como facilitou a operação, bancada pelos caixas alvinegros, e pela marca do Timão, novamente atrelada a gente complicada.

Talvez a proximidade de Fernando Costa (UNIESP/UNIVERSIDADE BRASIL) com o ex-diretor de marketing, Luis Paulo Rosenberg, ligado ao dono do clube, Andres Sanches, além de Osmar Basílio, presidente do CORI, meses antes das eleições alvinegras, em que campanhas precisam ser financiadas, possa, de alguma maneira, justificar a operação.

Em tempo: Fernando Costa insinuou, também, que, talvez, possa negociar espaço na Arena de Itaquera para montar um “campus”, ação esta que teria que passar por criteriosa análise do Conselho Deliberativo, diante do histórico amplo de inadimplências do empresário.

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