Nas próximas semanas, relatório de auditoria do estádio de Itaquera chegará às mãos de uma Comissão de conselheiros do Corinthians, formada com objetivo de analisar toda a documentação da Arena.

Será arrasador.

Nele, segundo informações, constará que a Odebrecht superfaturou procedimentos, deixou de realizar outros, boa parte deles, inclusive, com a anuência, sabe-se lá por quais motivações, de dirigentes do clube, alguns deles no centro do furacão da Operação “Lava-Jato”.

É por esta razão que a construtora, nos últimos dias, tem conversado com o Corinthians no intuíto de acelerar negociações para uma saída tratada como “amigável” do negócio.

Fonte ouvida pelo blog, que teve grande importância no período das obras, garante:

“A Odebrecht está desesperada com a proximidade do relatório, que, sabe, mostrará divergências grandes com o que fora apresentado até então. O temor, além das revelações em si, é que de alguma maneira as revelações possam impactar nas delações da “Lava-Jato”, que parecem ter omitido alguns procedimentos na obra do estádio. Além disso, tem a questão da mídia, que falará muito sobre o assunto por conta de se tratar de Corinthians”

O desejo da Odebrecht é repassar ao Corinthians toda a responsabilidade do empréstimo do BNDES (R$ 400 milhões, no qual a empresa figura como solidária), conceder alguns “descontos”, que, calcula, seria na casa dos R$ 200 milhões, e sair definitivamente do contrato com o clube parcelando o restante do saldo, ainda a ser avaliado.

Há, porém, dentro desse quadro, outra dificuldade a ser tratada: a concordância dos dirigentes da CAIXA, intermediadora do dinheiro do BNDES, que, por conta das investigações notórias da Polícia Federal em órgãos públicos, estariam temerosos em facilitar procedimentos (no caso, modificar o referido contrato), sob pena de figurarem, novamente, no centro dos holofotes midiáticos.

Não à toa o banco endureceu na renovação de patrocínio na camisa do Corinthians, pulou fora, apesar de, no restante dos clubes que patrocinava, os acordos terem sido mantidos, alguns com substancial aumento de verba publicitária.

A diretoria do Corinthians, sabedora do que vem por ai no relatório da auditoria, em tese deveria esperá-lo para, com a faca e o queijo nas mãos, negociar com a Odebrecht valores mais justos de pagamentos, que, se não acordados, gerariam ações judiciais com grande possibilidade de êxito à agremiação.

Porém, pela movimentação das últimas semanas, e por conta da participação direta da gestão em possíveis problemas gerados em todo o período da construção (o presidente assinou documentos, o vice é acusado de receber propina para beneficiar a construtora e o ex-presidente trata-se do mentor da operação), o clube indica estar propenso a aceitar “qualquer acordo” proposto, o que, sem a prévia análise da auditoria, poderia se transformar noutro negócio ruim.

Em tempo: antes de abandonar, neste mês, a gestão do Arena Fundo (criado para administrar as contas do estádio de Itaquera), a BRL Trust (ligada à Odebrecht) protocolou documento na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) dando conta de que a dívida do Corinthians com a construtora, oficialmente, seria de R$ 359.180.540,37. Para conferir, basta clicar no link a seguir:

Informe Arena Itaquera – Março de 2017

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