As contas do Corinthians, do exercício 2016, foram aprovadas em reunião do Conselho Deliberativo, realizada ontem, num cenário previsível de parcialidade.

103 a 35 (de, aproximadamente, 360 possíveis), números que demonstram a vitória da estratégia do esvaziamento do quórum, implícita após confirmação do encontro às vésperas de um feriado prolongado.

Confirmou-se, também, a previsão orçamentária.

Com o cabresto herdado das eleições anteriores (ainda no sistema do “chapão”) – em que elegeu 200 conselheiros seguidores de ordens – a diretoria do clube conseguiria, convenhamos, aprovar até papel em branco.

Retornando às contas, a Parker Randall Consultoria Administrativa Ltda, responsável pela auditoria, indicou diversas ressalvas no balanço, entre as quais muitos apontamentos de irregularidades, e sequer se posicionou, explicitamente, pela aprovação.

Documento este que, apesar de enviado sem assinatura, nem timbre da empresa, foi acompanhado pelo CORI, presidido pelo desfrutável Osmar Basílio, e pelo Conselho Fiscal, sob pressão.

Entre as ressalvas, destacamos:

  • adoção de prática contábil de reavaliação para bens do ativo imobilizado

O clube contabilizou a reavaliação de determinados bens do ativo imobilizado ao seu valor justo, nos montantes de R$ 404.738 milhões, tendo como contrapartida a rubrica “ajuste de avaliação patrimonial” no patrimônio líquido.

A contabilização desta reavaliação está em desacordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.

Consequentemente, em 31 de dezembro de 2016, o saldo do imobilizado e do patrimônio líquido estão apresentados a maior em R$ 407.738 milhões.

  • Confirmação de saldos

Ausência de confirmação direta dos saldos de determinados assessores jurídicos:

(…) o clube possui registrado no exigível contingencial o montante de R$ 20.495 milhões; todavia, não obtivemos resposta à totalidade das solicitações de confirmação direta das informações dos seguintes assessores jurídicos externos:

Braga e Braga Associados (Cível), João Zanforlin Schablatura (Justiça Desportiva), Moraes e Moraes e Silva Advogados Associados (Cível); e Pires Abrão, Leite e Rosa Advogados (Direito do Trabalho e Sindical).

Procedimento de Confirmação de saldos ativos e passivos:

Em nossos procedimentos de auditorias, solicitamos cartas de confirmações externas que até a conclusão dos nossos exames, não recebemos respostas, que consideramos essenciais. As respostas não obtidas são referentes a:

– depósitos bancários e empréstimos em instituições financeiras e empresas: CAIXA Econômica Federal, Polo Clubes Fundo de Investimento, Horizonte Conteúdos Ltda e Bradesco S/A, com saldos no montante de R$ 1.351 milhão (ativo) e de R$ 30.989 milhões (passivo);

– valores a receber de patrocinadores: Rede Globo S/A, Federação Paulista de Futebol, Caixa Econômica Federal, Apollo Sports Solutions S/A, Estrella Galícia Importadora e Comércio de Bebidas Ltda, AMC Assessoria de Negócios Ltda, Clube Atlético Boca Juniors e Nike do Brasil, Comércio e Participações ltda, no montante de R$ 1.353.331 milhões.

– valores a pagar relativos a diversos fornecedores no montante de R$ 64.579 milhões.

Por consequência (…) não foi possível concluir sobre a adequação do saldo representativo do exigível contingencial, bem como sobre a existência de possíveis passivos das naturezas apresentadas neste item, não registradas em 31 de dezembro de 2016.

  • Incerteza significativa relacionada a continuidade operacional do investimento – ARENA FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO – FII

O clube detém cotas subordinadas júnior do Arena Fundo de Investimentos Imobiliário – FII, que tem como principal ativo a edificação do estádio Arena Corinthians.

A continuidade operacional do empreendimento depende da geração de receitas para fazer face à manutenção de estrutura operacional, assim como o cumprimento do cronograma de liquidação de passivos relacionados à construção do empreendimento e demais fontes de financiamento.

(…) o administrador do Fundo renunciou a gestão e convocou Assembléia de Cotistas para deliberação da indicação de novo administrador.

Solicitamos representação formal dos consultores jurídicos do clube para avaliação dos potenciais riscos contingenciais daquela decisão do gestor do Fundo. Até a emissão deste relatório não havia sido apresentado tal resposta de seus assessores jurídicos.


Diante do exposto acima, torna-se evidente que a aprovação de contas do Corinthians, em seu exercício de 2016, trata-se de uma farsa política, que não sobrevive à mínima análise técnica, dando sequência, agora pelo diretor financeiro Emerson Piovesan, de vícios de conduta iniciados pelo antecessor, Raul Corrêa da Silva (acusado de maquiar o balanço em 2014), que levaram dirigentes alvinegros a serem indiciados criminalmente por sonegação fiscal.

CLIQUE NO LINK A SEGUIR PARA BAIXAR A ÍNTEGRA DO PARECER DA AUDITORIA DAS CONTAS DO CORINTHIANS:

Parecer auditoria – balanço Corinthians 2016 – publicado 2017

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