Por ALBERTO MURRAY NETO

Carlos Arthur Nuzman foi o primeiro candidato a ser eliminado nas eleições presidenciais da Organização Desportiva Panamericana (“ODEPA”).

Entre os três pretendentes ao posto, Jose Joaquin Puello (República Domenicana), Ivan Nilic (Chile) e Nuzman, o brasileiro foi o primeiro a sair fora da disputa.

Na rodada final, Ilic venceu Puello por um voto.

A fragorosa derrota de Nuzman é sintomática, da péssima imagem que o esporte brasileiro deixou ao mundo após os Jogos Olímpicos. As pessoas no exterior com as quais troco impressões são unãnimes em ressaltar que o Brasil regrediu esportivamente após o Rio 2.016, essencialmente por duas razões:

(a) o legado esportivo, econômico e financeiro foram desastrosos. Não havia planejamento algum; e

(b) inúmeros casos de corrupção envolvendo políticos ligados è organização dos Jogos Olímpicos e entidades esportivas relevantes, inclusive, com prisões de dirigentes que sempre foram aliados importantes do Comitê Olímpico do Brasil.

Puello é uma pessoa que tem feito muito pelo esporte. É um dirigente respeitado. Mas, assim como Nuzman, representa um passado que, talvez, a nova geração queira modificar.

Nuzman teve seu ápice ao realizar os Jogos Olímpicos do Rio. Feito isso, seu melhor caminho deveria ter sido a aposentadoria de cargos executivos, permanecendo, apenas, como membro honorário do COI, que o é desde que fez 70 anos.

Ilic parece-me ser uma crença no novo. Integra uma nova geração de dirigentes e promete modernizar as estruturas da ODEPA.   Os organismos esportivos tendem a ser conservadores. Por isso a eleição na ODEPA tem um significado especial. No conceito da sucessão de mandatos na administração esportiva, é como se alguém “tivesse furado a fila”.

Nuzman, pessoalmente, nunca logrou êxito em suas eleições internacionais. Quis presidir da Federação Internacional de Vôlei e nem candidato conseguiu ser. Foi sempre derrotado por Ruben Acosta em suas pretensões. Perdeu duas eleições para o Comitê Executivo do Comitê Olímpico Internacional e nas outras oportunidades sequer conseguiu viabilizar seu nome como candidato. Agora foi derrotado para a ODEPA.

No campo da política, Nuzman perdeu uma eleição para Deputado Estadual no Rio, em que foi candidato pela ARENA (partido que deu sustentação à ditadura).

No COI, Nuzman sempre foi escolhido para comissões honoríficas, sem muito significado prático. Há Comissões no COI que são criadas justamente para dar cargos e acomodar pessoas, nada além disso. Esse posto para o qual Nuzman foi indicado nesta semana, de membro da Comissão de Coordenação de Tokyo 2.020 também é praxe, honorífico e não dará a ele qualquer poder executivo.

Os organizadores dos Jogos Olímpicos anteriores costumam ser indicados para integrar a Comissão de Coordenação dos Jogos subsequentes. Não há nada demais nisso.

A mensagem que sai da eleição da ODEPA é que há uma ruptura com lideranças antigas e que a imagem do esporte brasileiro não anda nada boa no exterior.

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