Felipe Ezabella, Raul Corrêa da Silva, Sergio Alvarenga e Fernando Alba

Em meados de 2016, cerca de 30 conselheiros do Corinthians (num universo de 200), eleitos na chapa “Renovação e Transparência”, romperam com o grupo, para, meses depois, participarem da tentativa de derrubar o atual presidente, Roberto Andrade.

À época, e até então, os caciques da turma mantiveram-se calmos.

Os dissidentes tinham pouca relevância e a sangria, depois do acordo em que decidiu-se pela permanência do mandatário alvinegro, parecia estancada.

Ledo engano.

Meses depois, quatro líderes do grupo “Corinthianos Obsessivos”, que eram pilares de sustentação das recentes gestões (Sanches, Gobbi e Andrade), todas investigadas pela Polícia Federal, criaram um novo movimento, que nomearam “Corinthians Grande”, e posaram para foto no restaurante Loup, nos jardins: Felipe Ezabella, Raul Corrêa da Silva, Sergio Alvarenga e Fernando Alba.

Foi o suficiente para, na mesma semana em que se via acossado por revelações da Operação Lava-Jato, o vice-presidente do Corinthians, André Negão, em surto, realizar diversas ameaças pelas mais distintas mídias sociais.

O objetivo, mais do que atingir os quatro citados (que já estão rompidos) é claro: intimidar novas dissidências, com ameaças explícitas de violência e algumas veladas, que indicam delação de procedimentos irregulares cometidos pelos que, por ventura, se atrevam a roer a corda.

Áudio revelado pelo Blog do Perrone, mostra André Negão dizendo:

“Eu sei todo mundo que já levou vantagem em alguma coisa, fizeram alguma coisa, trabalharam, levaram dinheiro do clube ou fizeram alguma coisa.”

“Então é o seguinte, eu não tenho problema com ninguém, não. Ou tá a favor ou tá contra. Quem estiver contra vai sentir o peso do cajá.”

“Sabe o que é cajá? Aquele chicote que bate e estala, vai estalar no couro de todo mundo. Quem tem algum problema que se cuide, porque vai estalar o chicote”.

Mas não parou por ai.

O Blog do Paulinho teve acesso à novos áudios, em que o teor de intimidação se acentua:

Em mensagem direta aos líderes do “Corinthianos Obsessivos”, André Negão, com a elegância habitual, profere:

“Estou avisando… avisa todo mundo que não tem conversa… eu to brabo (sic) mesmo, fiquei revoltado com o que eles estão querendo fazer…”

“(…) fazendo grupinho, fazendo reuniãozinha com quatro caras na Zona Sul e achando que vão mandar no Corinthians? Vão sentar no nabo !”

“Não tem conversa…. pode avisar que não tem conversa… enquanto eu estiver ai, não vai… vai ter que vir falar comigo… vai ter que vir de joelho agora porque o nabo vai entrar”

“(…) que fique bem claro: eu não tenho rabo preso com nada… manda levantar, manda ir atrás… vão sentir o nabo !”

O vice alvinegro segue nervoso, dizendo que “tomará providências”:

“Vocês não estão entendendo… eu estou falando que eu vou tomar providências… então, pode avisar todo mundo: ou tá do nosso lado ou tá contra…”

“(…) a Renovação e Transparência não tem dono… a Renovação e Transparência elegeu cem conselheiro (sic) e vai continuar trabalhando pro clube… fez CT, reformou o clube, fez tudo, foi campeã mundial, foi campeão da Libertadores… tem que respeitar !”

“Nós estamos em todos os lugares, mas tem que respeitar quem está na direção do clube… não pode querer desmoralizar… não pode querer ficar fazendo reuniãozinha achando que vai ditar ordem…”

“(…) já fizeram cagada pra caramba ai… não vai ditar ordem não! Nós vamos tomar providência ! Pode avisar que eu vou tomar providência !”

Negão afirma ainda que fará de tudo para que dissidentes não possam mais, sequer, frequentar o Parque São Jorge:

“Eu quero ver ! Manda eles vir ! Manda eles vir com grupinho que eu to esperando ! (sic) Avisa que eu to esperando ! Pode avisar…. aqui não tem “bafo de boca”… eu vou trabalhar pra caramba para que não entrem no clube”.

O destempero do vice-presidente do Corinthians, acentuado pelos desdobramentos da Operação Lava-Jato, que o acusa de receber vantagens da Odebrecht como preposto do deputado federal Andres Sanches, revela não apenas que o grupo “Renovação e Transparência” se dissipa a cada escândalo (e são vários), como também o “modus operandis” de seus principais líderes, que não se constrangem em cobrar favores e lealdade, nem que seja por conta de chantagem, evidenciando, ainda, desvios de comportamento que, segundo as próprias palavras do dirigente, “levaram dinheiro do clube”.

Confira abaixo a íntegra dos desabafos e cobranças de André Negão com os dissidentes da chapa “Renovação e Transparência”.

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