O Blog do Paulinho teve acesso à íntegra do relatório do Conselho Fiscal do Santos, que, apesar de sugerir aprovação das contas de 2016 do presidente Modesto Roma Junior, talvez por questões mais políticas do que técnicas, elenca diversos problemas da gestão, alguns bem suspeitos.

Há também a confirmação de que as luvas pagas pelo Esporte Interativo ao clube foram de R$ 40 milhões, pelos diretos de transmissão do Campeonato Brasileiro, a partir de 2019.

As despesas com o futebol ficaram 21 % acima do orçado em Previsão.

O clube explica a diferença por conta do pagamento de:

  • R$ 2,9 milhões (premiação pelo título do Campeonato Paulista);
  • R$ 5,9 milhões (acordos trabalhistas com Muricy Ramalho e Montillo);
  • R$ 1,9 milhão (demais reclamações trabalhistas)

Porém, ainda assim, retirando as despesas especificadas acima, a diferença seria de 12,45%.

Em “despesas administrativas”, o escândalo é ainda maior: 77,9% superior ao orçado, mais de R$ 18,8 milhões de diferença.

Na conta geral, o Santos gastou em 2016 R$ 30,4 milhões acima do que havia previsto (12,62%)

RELAÇÂO DO SANTOS COM A KHODOR SOCCER

Em 28 de fevereiro, revelamos que a empresa Khodor Soccer, de propriedade de Edson Khodor, cunhado do treinador Dorival Junior, estava fazendo a farra no Santos, tanto no futebol profissional, quanto no amador.

Atuação de empresário, cunhado de Dorival Junior, desmotiva jogadores do Santos

Trecho de parecer do Conselho Fiscal diz:

“Em nosso parecer do primeiro trimestre de 2016, demos ênfase à recomendação relativa aos contratos entre o Santos e a empresa Khodor Soccer & Marketing.

Na oportunidade, alertamos sobre a eventual possibilidade da ocorrência de conflito de interesses pelo fato da referida empresa ser também agenciadora da comissão técnica do clube.

Foram mencionados os casos dos atletas Danillo Cardoso e Gregore Magalhães adquiridos a titulo de empréstimo junto ao São Carlos e Gabriel Henrique emprestado pelo S C Recife, cujos direitos de imagem, dos três atletas, eram pagos a Khodor.

Muito embora o Conselho Fiscal tenha feito essa recomendação, foram contratados outros quatro atletas com a intermediação da empresa durante o ano de 2016, a saber:

  • Fabricio Daniel de Souza, contratado junto a Ferroviária de Araraquara, com o clube pagando R$ 800.000,00 por 65% dos direitos econômicos e intermediação paga a Khodor;
  • Gabriel Calabrez Nunes, contratado junto ao São Carlos, neste caso, com o clube pagando R$ 1.200.000,00 também por 65% dos direitos econômicos e intermediação paga a Khodor;
  • Gustavo Cazzonati, contratado por empréstimo, com direito de imagem pagos a Khodor;
  • Além destes, na transação do atleta Leandro Donizete, a empresa Khodor também atuou como intermediaria na contratação, recebendo pelos serviços R$ 686.000,00.

5% de COMISSÃO SOBRE O VALOR BRUTO DOS JOGADORES PAGOS A EMPRESA DE “SCOUTING” LIGADA A JOGADORES DO CLUBE

O Conselho Fiscal do Santos desconfiou de acordo para pagamento de comissão (5%) para empresa de “scouting” ligada a outra empresa, que recebe “direitos de imagens” de alguns jogadores, em verdade, dissimulação de salários.

Em regra, esse tipo de remuneração costuma ser dividido, indevidamente, com dirigentes e empresários.

Detalhe: os pagamentos são realizados à vista, diferentemente do padrão de mercado, que utiliza-se da proporcionalidade.

Diz trecho do documento:

Além do contratos mencionados em nosso parecer do exercício anterior, o clube celebrou em 2016, contrato com a empresa Ceará Propaganda e Publicidade de prestação de serviços de consultoria esportiva incluindo prospecção de atletas e identificação de oportunidades e scouting.

Este contrato estabelece que a cada contratação de atleta prospectado a contratada fará jus a uma remuneração ad êxito no importe de 5% do valor bruto da negociação.

Na contratação dos atletas Jonathan Copete e Fabian Ariel Noguera foram pagos os valores estabelecidos no contrato à referida empresa.

Ocorre que os direitos de imagem de ambos os atletas são pagos a empresa KR Assessoria Esportiva, representada no contrato pelo senhor Kleber Dias dos Reis que, salvo melhor juízo de nossa parte, se apresenta em sua página da rede social FACEBOOK como funcionário da Ceará Sports Propaganda e Publicidade.

No entanto, o que nos levou a proceder com o registro desta situação é o fato de que esse direito de imagem é pago de forma quase que à vista, sem a mesma proporção ao tempo de contrato dos atletas, ou seja, diferente ao padrão estabelecido no próprio clube, não é um direito de imagem mensal, é um direito de imagem imediato, onde, no momento em que se encerrar o contrato, em seus 3 anos de duração ou, nos dois casos, com apenas 1 ano de duração, por venda ou empréstimo do atleta, os valores pagos serão os mesmos, visto o imediatismo com o qual o pagamento destes contratos de imagem vencem.

Há ainda outras imoralidades apontadas, como relacionamento comercial com empresas em que constam conselheiros do Santos como proprietários no Contrato Social.

O clube fechou ainda contratos de royalties em venda de seus produtos com as empresas SPR (ex-Poá Textil) e Meltex (que tem como proprietário sócio de V(W)anderlei(y) Luxemburgo), e, segundo parecer, ambas estariam passando o Santos “para trás”.

A primeira já operava, mesmo sem acordo assinado, há algum tempo.

Há casos em que, segundo verificação, os repasses ao Peixe tomam como base valores de produtos que, em tese, estariam sendo vendidos, com a provável conivência, também, da NETSHOES, abaixo do preço de custo.

A suspeita, óbvia, é de manipulação de números para baixo.

Diz trecho do relatório:

“Se o valor médio DE VENDA das peças fabricadas pela Filon (fornecedora da Meltex) para o mercado em geral (incluíndo a Netshoes), foi de R$ 101,98, a venda ao consumidor final pela NETSHOES das 30.620 peças fornecidas pela FILON, a receita de R$ 240.716,39 apresentada pela NETSHOES determina que o valor médio de VENDA AO CONSUMIDOR foi de R$ 108,06, muito próximo ao valor de compra e ainda, se considerarmos que desses R$ 108,06, a NETSHOES pagou ao clube R$ 7,86 de Royalties por peça, e ainda pagou R$ 29,45 de Impostos por peça, a NETSHOES teve um prejuizo de R$ 31,23 por peça comercializada.

Em nossa visão, a NETSHOES deveria ter um valor médio de R$ 175,00 por peça, assim conseguiria um lucro de R$ 12,60 por peça e o clube R$ 12,73 de Royalties por peça, o que se mostra mais equilibrado, do que foi apresentado.”

Outras irregularidades foram apontadas, como desrespeito ao Estatuto na transação de Gabigol (que, pelo valor, deveria ter sido aprovada em Conselho – inclusive o pagamento de comissões a terceiros) e a preocupação com o caso Neymar-Barcelona.

CLIQUE NO LINK A SEGUIR PARA TER ACESSO AO PERECER DO CONSELHO FISCAL DO SANTOS SOBRE AS CONTAS DE 2016, COM RESPECTIVO ANEXO:

Conselho Fiscal do Santos – parecer contas 2016

Conselho Fiscal do Santos – parecer contas 2016 – anexo

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