Por JOSÉ RENATO SATIRO SANTIAGO
“E o Oscar vai para La La Land” divulgou a atriz Faye Dunaway.
Cerca de dois minutos depois, a correção… e o Oscar vai para Moonlight.
Uma situação ímpar, uma confusão digna dos mais toscos dramalhões jamais produzidos, até então, por Hollywood.
O mundo, extasiado, não conseguia acreditar em um erro tão banal, justamente no maior momento da noite, a divulgação do Oscar para o Melhor Filme.
Quem teria errado?
Não demorou muito para o responsável ‘se entregar’, a PwC, PricewaterhouseCoopers, a empresa de auditoria, responsável pelo acompanhamento do processo de votação e entrega dos resultados da premiação.
Após emitir nota à imprensa se desculpando pelo grave erro cometido durante a entrega do Oscar, a PwC, no entanto, se superou e voltou a se equivocar.
Em um comunicado no Twitter a empresa afirmou: “O funcionário da PwC, Brian Cullinan por engano deu o envelope reserva de melhor atriz no lugar do envelope de melhor filme aos apresentadores Warren Beatty e Faye Dunaway. Assim que o erro ocorreu, protocolos para corrigi-lo não foram seguidos de forma rápida o suficiente por Cullinan ou por sua colega”. A colega, no caso, é Martha L. Ruiz.
A existência de um processo que permitiu que um equívoco individual comprometesse o trabalho de toda equipe foi claramente o erro maior e causador de todo dano dele decorrente.
Obviamente que a PwC sabe disso.
Já a decisão em atribuir a um profissional esta responsabilidade diz muito sobre a empresa.
Ainda que haja uma cultura organizacional vigente, o que certamente guia a forma como os colaboradores irão, ou ao menos deveriam, se portar, sobretudo em situações críticas como essa, são decisões pessoais e não da empresa.
A decisão por expor seu funcionário diz muito sobre os dirigentes da PwC.
Engana-se quem acha, ainda que eu respeite quem assim pensa, ter havido transparência da empresa, ainda mais diante da obviedade do vacilo cometido.
A não ser que houvesse erro na leitura por parte de um dos atores escolhidos para a divulgação do principal resultado do Oscar, Faye Dunaway e Warren Beatty, qualquer equívoco seria de total responsabilidade dela. Como foi.
A emissão da nota foi o mínimo, talvez o primeiro passo para o início de um processo de melhoria que evitasse a repetição do erro, ainda que muitas explicações precisassem ser dadas. Um sinal de humildade também.
Não foi o caminho escolhido pela PwC.
Minto.
Não foi a decisão tomada pelas pessoas que dirigem a PwC.
A empresa sai menor, mais pela exposição de seu funcionário, do que pelo próprio erro da divulgação do nome do filme vencedor.
Com a palavra, os colaboradores da empresa.
Se bem que, no caso, até o presidente Donald Trump, sim ele mesmo, poderia ser mais condescendente.