autuori

Num mundo (do futebol) em que pessoas relevantes, em regra, se omitem perante a sacanagem (mesmo quando contrários às práticas) para não perder vantagens proporcionadas pela aproximação com os poderosos, as declarações do treinador Paulo Autuori, em entrevista à FOLHA, soam como música aos ouvidos de quem anseia por mudanças.

Questionado se aceitaria trabalhar na CBF, respondeu:

“No futuro, gostaria de participar de um grupo que poderia ajudar, pensar, fortalecer o futebol brasileiro. Com essa direção da CBF, quero distância. Conceitualmente, existe uma divergência total. Temos pessoas habilitadas para ser presidente da CBF. O que temos que ter ali é a figura de um ex-atleta preparado, capacitado e que possa representar o país no exterior.”

Falou ainda sobre Marco Polo Del Nero (e Marin), lembrando seus problemas judiciais:

A minha crítica à CBF é que ela não pensa e não trabalha o futebol brasileiro como deveria. O problema dela é seleção. Ela acha que se a seleção vai bem, está tudo bem. Mas não está, está tudo horrível. O Tite está fazendo um bom trabalho, mas isso não mudou em nada o nosso futebol.

Se pensarmos em desenvolver um trabalho benfeito, patrocínio não vai faltar. Não falta agora, com os escândalos que têm, com um presidente que não pode sair do país e o outro que está preso nos EUA. Essa é a nossa realidade.

Nós do futebol temos que ter a coragem de falar as coisas como devem ser faladas. Todos nós temos uma dívida grande com o esporte. Somos o que somos em virtude do que conquistamos no futebol.

Autuori, vale a pena deixar claro, não se trata de profissional do futebol em final de carreira, mas sim dos mais afamados da profissão, sempre lembrado em listas de possíveis treinadores, não apenas para a Seleção Brasileira, mas também dos principais clubes nacionais o que, por si (pelo que pode vir a perder), concede ainda mais força à sua manifestação.

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