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Da FOLHA

Por TOSTÃO

Cristiano Ronaldo é o melhor do ano, e Lionel Messi, o melhor do mundo. Griezmann é o terceiro melhor do ano, e Neymar (ficou em quarto no prêmio da Fifa), o terceiro melhor do mundo.

A explicação para Cristiano Ronaldo ganhar o prêmio, por ter sido campeão de quase tudo, é discutível, já que o Real Madrid possui hoje mais condições de ganhar títulos que o Barcelona. Mesmo assim, em 2016, Messi fez mais gols e deu mais passes para gols que o atacante português. Isso mostra que não são somente os gols e passes de Messi e Cristiano Ronaldo que definem as vitórias de seus times.

O Real Madrid está superior ao Barcelona porque marca melhor no meio-campo, pelo posicionamento e pelo número de jogadores, faz mais gols em jogadas aéreas e, principalmente, por ter melhores reservas. Por não ter um bom substituto para Messi, Neymar e Suárez, o Barcelona poupa menos os três, o que gera mais riscos de contusões, mais cansaço e menos regularidade nas atuações.

Hoje, quase todas as grandes equipes do mundo alternam a marcação por pressão na saída de bola do goleiro com a mais recuada, com oito ou nove jogadores à frente da área. Fazem isso cada vez com mais intensidade e eficiência. O Barcelona é a única equipe que joga, durante toda a partida, de um mesmo jeito, tentando ter a bola no campo do adversário. Por deixar mais espaços na defesa, dá mais chances para o contra-ataque. Além disso, tem hoje mais dificuldades de trocar passes na saída de bola, por causa da marcação por pressão do adversário, e de criar mais chances de gol, pelo bloqueio dos outros times em frente à área. Estaria na hora de o Barcelona criar opções estratégicas?

Em 2016, Neymar fez muito menos gols, por jogar a maior parte do tempo aberto pela esquerda. Quando entra pelo meio, tem sempre uma boa opção de passe. Por isso, aumentou o número de assistências. Na seleção, ele vai mais para o centro, para receber a bola e tentar decidir o lance. Sente-se também mais seguro. A responsabilidade de ser o craque do time aumenta sua qualidade.

Na seleção do ano, Daniel Alves e Marcelo foram os laterais, e Neymar ficou fora. Daniel Alves continua bem na Juventus, além de não haver outro ótimo lateral.

Marcelo completou dez anos de Real Madrid. Está em sua melhor forma. A comparação com Roberto Carlos, que brilhou tanto tempo no time espanhol, é inevitável. Roberto Carlos foi mais completo, por ter sido excepcional na defesa e no ataque, mas Marcelo, quando avança, possui muito mais habilidade, inventividade e repertório de jogadas. Roberto Carlos corria, em enorme velocidade, e cruzava ou finalizava. Quando parava a bola, com o marcador à sua frente, não sabia driblá-lo. Já Marcelo é um artista. Além de eficiente, brinca e se diverte com a bola, que, agradecida e emocionada, beija seus pés.

Nas posições de centroavante e de meio-campo, o Brasil continua fora, sem chegar perto, na eleição dos melhores. Gabriel Jesus é uma esperança, mas será uma surpresa caso se torne um dos grandes do futebol mundial. Após décadas formando brucutus, volantes que só marcam e tocam a bola para o lado, os técnicos brasileiros descobriram o óbvio, que esse é um setor de marcação e, principalmente, de criação. Quem sabe, em um futuro não muito distante, surja um Iniesta, um Kross, um Modric, um Pogba e tantos outros craques?

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