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Da FOLHA

Por JUCA KFOURI

“Andres Sanchez está para o Corinthians assim como Eike Batista para o empreendedorismo”

EM AGOSTO de 2011, ao programa “Arena Sportv”, o então presidente do Corinthians, Andres Sanchez, garantiu: “Nos próximos três anos o Corinthians será o time mais rico e estruturado do mundo”.

Em setembro de 2013, mais cauteloso, disse à revista “Forbes”: “Estou confiante de que em quatro ou cinco anos o Corinthians vai ser um dos três clubes mais poderosos do mundo”.

Se o prazo dado em 2011 já caducou há mais de ano e o Corinthians está longe de ser o time “mais rico e estruturado do mundo”, o de 2015 segue célere na direção do caos.

Ao ser eliminado pelo modesto Guaraní a crise se instala de vez, assustadora.

A derrota por 1 a 0 com duas expulsões é o melhor termômetro.

Sanchez teve seus méritos, embora tenha sido sob sua presidência que o time caiu para a segunda divisão em 2007.

Mas mais que méritos teve sorte. Muita.

Méritos por ter escolhido o homem certo para tocar o que ele depois se revelou incapaz de fazer: Luis Paulo Rosenberg não só fez do marketing corintiano um fenômeno como deu os passos essenciais para fazer do estádio realidade.

Sorte porque enquanto esteve na cadeira de presidente do clube quem presidiu o país foi Lula, que acumulou ambas as presidências, por menos republicano que tenha sido.

Bastou Rosenberg sair do clube e Lula do Planalto para as coisas desandarem magnificamente.

Hoje de superlativa mesmo o Corinthians tem a dívida. Não só com o elenco, mas, também, com o estádio, que Sanchez, em mais uma de suas falas irresponsáveis, garantiu pagar em seis anos. Eike Batista não faria melhor.

Além de ter prometido que seria o mais barato da Copa do Mundo e acabou por ser um dos mais caros, inferior apenas ao Mané Garrincha do petista Agnelo Queiroz.

E Sanchez não vendeu o nome do estádio, como assegurou várias vezes que faria em incontáveis viagens para os Emirados Árabes e adjacências.

Em resumo, mais depressa do que se imaginava as bazófias de Sanchez estão a cobrar seu alto preço e o clube, que ganhou tudo em 2012 já na administração de Mário Gobbi ao colher os frutos dos acertos de Sanchez (a manutenção de Tite foi o maior), entrou em campo ontem para enfrentar o Guaraní paraguaio em clima de pânico.

Uma eliminação nas oitavas da Libertadores é mais que terrível ameaça, mas o prenúncio de debandada ampla, geral e irrestrita, além de mais ações trabalhistas.

Manter-se vivo na competição era sinônimo de sobrevivência e o clube fadado a ser o “mais rico e estruturado do mundo” até 2014, ou, na nova versão revista e ampliada, que tem até 2018 para ser “um dos três mais poderosos do mundo”, tremia diante do humilde Guaraní que apenas parece mas não é o uruguaio Peñarol, clube de enorme tradição.

Não existe almoço grátis nem farras sem consequências.

As de Sanchez estão apresentando sua pesadas contas, capazes de fazer o Corinthians regredir 10 anos.

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