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Assim que a imprensa anunciou, com pompas, inverdades e distorções, o fechamento do acordo político que proporcionaria ao Corinthians construir um estádio em Itaquera, o torcedor do clube, ainda sem se atentar para a realidade, comemorou, orgulhoso.

Mal sabia que o “povo” nada tinha a ver com o projeto.

Pelo contrário.

90% dos frequentadores do Pacaembu, a grande maioria assalariados, não terá mais condições de manter o hábito de acompanhar o clube em todas as suas partidas disputadas na cidade.

Muitos, até com algum sacrifício, conseguiam fazê-lo, exibindo com orgulho a coleção de ingressos, sentindo-se, até, parte da equipe.

Hoje, o valor de ingresso de um jogo do Corinthians no “Fielzão” equivale ao mês inteiro de um torcedor que frequentava todos os embates no Paulo Machado de Carvalho.

A diretoria do clube mentiu, ou errou, no sempre demagógico discurso de que “o povo pagará a obra do estádio”.

Não pagará.

Sequer poderá frequentá-lo, no mínimo, pelos próximos 30 anos, com a quase certeza de extensão do prazo pela impossibilidade lógica de quitação do empreendimento.

Enquanto isso, os ricos, a cada rodada diminuem a frequencia aos jogos, nem tanto pelos preços – que podem pagar – mas pela falta do hábito, corriqueiro entre os mais pobres, de acompanhar a equipe, como ocorria no estádio Municipal, seja ela um esquadrão dos sonhos ou até o faz-me-rir dos anos 60.

Os dirigentes alvinegros possuem apenas uma alternativa para equacionar o problema que inclui uma arrecadação mínima necessária para quitar as despesas do “Fielzão”: aumentar ainda mais, muito mesmo, os valores e ingressos para os que podem pagar, com estes subsidiando, por consequencia, a presença de torcedores que sentem, hoje, muita falta dos tempos de Pacaembu.

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