É de extrema cara de pau a afirmação da Prefeitura de São Paulo sobre ter “descoberto”, somente agora, que o patrimônio dos fiscais municipais é incompatível com seus rendimentos.
Bastava andar um quarteirão na cidade, e conversar com comerciantes locais, para obter a informação, que é conhecida da população há décadas.
Quase a totalidade dos fiscais recebe, por fora, muito mais do que indicam seus vencimentos oficiais.
Muitos são realmente achacadores, porém, a bem da verdade, há comerciantes que até os procuram, acreditando ser “melhor” para os negócios pagar a propina do que arcar com os impostos devidos.
É a farra de corruptos e corruptores que, certamente, é de conhecimento do poder público, não de agora, mas de todo sempre.
Haddad, esperto, aproveitou-se do momento – e das manchetes – para surgir como salvador da pátria de um assunto dominado não apenas por ele, mas por todos seus antecessores.
Tivesse mesmo o desejo de “descobrir” a origem de patrimônios incompatíveis com a renda, teria que pedir ao MP que investigasse não apenas os fiscais, mas também gente de seu próprio Governo, aliados, e até o mentor dos “companheiros”, o ex-presidente Lula.
Aliás, se toda a classe política fosse submetida ao mesmo critério de avaliação – e deveriam – para que denúncias fossem efetuadas ao MP, poucos sobrariam para contar história.