Por ROQUE CITADINI
O fracasso da temporada de Alexandre Pato no Corinthians provoca todo tipo de discussão.
Pato veio para o Timão em uma operação onde a Nike era a que mais torcia para que ele viesse. Pertencente aos seus quadros de contratados e com o fracasso europeu do jogador gaúcho, a Nike ficou preocupada com o dinheirão investido no “craque”. Para se ter uma idéia do esforço da Nike, basta ir a loja da empresa, em Nova York, bem ao lado da Quinta Avenida. Há um cartaz cobrindo toda a parede só com Alexandre Pato e a camisa da seleção (da Nike).
Quando a situação ficou ruim na Europa (contusões contínuas e atuações fracas) o importante era uma “operação” que recuperasse o jogador. Especialmente queria a Nike que o craque voltasse à seleção brasileira. Ou então, a dinheirama gasta não teria retorno.
Foi neste clima que o jogador veio ao Corinthians. Foi mais uma operação de marketing para recuperar o investido do que uma preocupação com o clube.
Os números foram elevados e provocou todo tipo de polêmica. Inclusive com um grupo (da diretoria) acusando outro (também da diretoria) e abrindo atritos que continuam até hoje. A imprensa é testemunha silenciosa do que um falou do outro nesta contratação. Como conheço a praça não acreditei em muita coisa dita pelos dois grupos. Só em parte.
Hoje muitos dizem que foram contra isso ou aquilo.
É uma posição fácil e oportunista.
Todos os corinthianos -mesmo não sabendo os termos ($) do negócio- passaram a acreditar que o clube “recuperaria” o craque . Seria bom para o Timão e ótimo para a Nike.
Mesmo sem grandes atuações e com contínuas contusões , o jogador foi levando e chegou a ser reconvocado a seleção -o grande objetivo da Nike.
No campo Alexandre Pato não produziu o suficiente para encher os olhos do torcedor. Mas apresentava uma gradativa melhoria na sua imagem.
Curioso que Pato é uma celebridade e não um “craque fora de série”. Está sempre na festa certa, com a namorada certa, com a camisa adequada, com a barba por fazer (como os grandes atores). Mas para vencer no Corinthians precisa de algo mais: arrebentar no campo.
Toda a vida extra-campo do jogador pouco significa quando ele brilha com a bola nos pés.
Neste meses, Pato continuou “arrebentando” nos eventos, festas etc mas… jogando um futebol quase comum, sem o brilho necessário. Uma ou outra partida de destaque, mas nada “fantástico”.
Interessante que Alexandre Pato é uma celebridade construída só com a imagem. Quando chega perto do microfone, sua atuação é igual a dentro do campo: fala algumas frases comuns (preparadas por assessores). Exemplo: “estou animado para a partida”; “a torcida é o décimo segundo jogador”; “estou alegre por estar neste clube”. Após duas ou três frases (quando muito) começam os erros grosseiros de português e a dificuldade em falar algo é tão grande como acertar o gol.
Quando uma “celebridade” torna-se um ídolo num clube como o Corinthians? Quando joga muito. É ali -no tapete verde- como dizia Fiori Gigliotti, que o jogador diz se é craque. E ali Pato não tem tido o mesmo desempenho que tem no mundo das celebridades.
Pode recuperar-se? Pode. Mas é difícil. Gilmar- o maior goleiro do Timão – conseguiu dar a “volta por cima”.
Pato tem esse desafio. Se não conseguir, a Nike pode começar a contabilizar o prejuízo. E o Corinthians, também!