Da FOLHA

Por TOSTÃO

O Cruzeiro, melhor time deste Campeonato Brasileiro, é, coletivamente, superior ao time de 2003

Durante a noite, Fernando Pessoa e seus heterônimos repousam no Mosteiro dos Jerónimos, em Belém, ao lado dos maiores personagens da história de Portugal. De dia, eles vagueiam pelas livrarias e cafés de Lisboa. Parafraseando o poeta, “Tabacaria” pode não ser o mais belo poema da literatura mundial, mas é, para mim, o mais belo, pois é o que mais gosto.

Já o Cruzeiro não é o mais belo time do Brasileiro somente porque é o time que mais gosto e que tenho mais laços afetivos. É, indiscutivelmente, o melhor. Todos ou quase todos concordam.

O Cruzeiro é, coletivamente, superior ao time de 2003. Joga no estilo das melhores equipes do mundo. No ano passado, era o Corinthians. Já o Atlético-MG, na Libertadores, quando era o melhor time brasileiro, tinha um estilo próprio, o “Galo Doido”. Privilegiava os lançamentos longos, os chutões e lances aéreos. Dava certo, mas não tinha nada de moderno.

Há muitas maneiras de vencer, mas são poucas as de encantar, de suspirar, como tem feito o Cruzeiro, mesmo para quem não é cruzeirense, com exceção dos atleticanos. O encanto não entra na estatística.

Já o Grêmio, com seu estilo pesado, defensivo, também eficiente, só faz suspirar seus torcedores. Além disso, se a maioria das principais equipes não estivesse tão mal, o Grêmio, com a campanha atual, não seria vice-líder.

Contra o Botafogo, Kleber foi, mais uma vez, violento, independentemente da simulação do zagueiro Dória. Criticaram a simulação e se esqueceram da deslealdade do atacante gremista.

Se Kleber se preocupasse sempre em jogar futebol, como tem feito na maior parte do campeonato –ele tem atuado bem–, poderia ter uma carreira brilhante. Mas o que mais agrada a ele e à parte dos treinadores e da imprensa são o confronto físico, os lances agressivos (confundem com raça) e a simulação, para cavar faltas, pênaltis e para provocar a expulsão de seus marcadores.

Assim como é comum o bairrismo, em todos os estados, e o preconceito, de todos os tipos, no futebol e na vida são frequentes o bairrismo e o preconceito às avessas. Para aumentar a audiência e mostrar que não são bairristas nem preconceituosos, muitos excedem os elogios a treinadores, times e jogadores de outros estados.

Parabéns aos jogadores pela criação do Bom Senso F.C. O futebol brasileiro precisa de grandes mudanças, e não apenas de um calendário. Para isso, é necessário ter uma entidade transparente e independente, que comande o futebol de acordo com os interesses do futebol e que, a partir daí, atraia os investidores. Futebol é também negócio.

O que não se pode é fazer o contrário, passar o comando a empresas e a investidores, como tem feito a CBF, mesmo que eles paguem caro e sejam os melhores do mundo.

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