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As manifestações contrárias ao gesto de Emerson Sheik, que beijou um de seus amigos, publicando, na sequencia, a foto do ocorrido nas mídias sociais, vai de encontro a momentos importantes, e históricos, da vida corinthiana.

O clube foi pioneiro em aceitar a diversidade, num período em que os clubes puniam os atletas que ousassem contrariar os costumes impostos por uma sociedade que insistia em se demonstrar machista e pouco aberta à realidade.

Vampeta, há quase quinze anos, fez história ao posar para a “G Magazine”, publicação voltada ao público gay, e, nem por isso, deixou de ser um dos maiores ídolos da torcida alvinegra, quase sempre lembrado nas principais listas de melhores volantes de todos os tempos, no Corinthians.

Dinei, único tri-campeão brasileiro pelo Timão, também posou, e sempre foi bem tratado pelo torcedor.

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Tudo isso numa época diferente, de hábitos mais severos em que, vale a pena lembrar, o presidente do clube era um senhor com mais de 80 anos de idade, de nome Alberto Dualib, que, tirante todos os defeitos já conhecidos, teve a grandeza de respeitar a individualidade dos atletas e, principalmente, entender a importância social de suas atitudes, que, muito mais do que vender revistas, contribuíram para abrir diversos flancos de discussão a respeito de um tema tão espinhoso, no período.

Na mesma ocasião, dirigentes do São Paulo demonizaram o goleiro Roger, que também posou, e nunca mais teve sossego no clube, sendo relegado ao ostracismo profissional, tempos depois.

Sem contar o recente caso de Richarlyson, que, dizem as vozes dos bastidores, teria tomado uma descompostura histórica de Juvenal Juvêncio, que obrigou-o a cancelar uma saída do armário programada para o Fantástico, da Rede Globo, sob ameaça de rompimento de contrato.

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Buscando um pouco mais no passado, o Palmeiras teve também sua caça as bruxas, quando o jogador Cléo, um dos mais promissores dos anos 80, recém contratado junto ao Internacional, declarou-se homossexual em histórica capa de Placar, à época dirigida por Juca Kfouri.

Quem, hoje em dia, lembra-se do atleta, após as perseguições e humilhações iniciadas no alviverde, continuadas, depois, noutros clubes país afora ?

Pois é.

Tomara os dirigentes atuais do futebol aproveitem a oportunidade da exposição do caso Sheik para reavaliarem suas condutas e preconceitos, tratando o caso com a naturalidade e inteligência que, mais de uma década atrás fez do Corinthians um clube pioneiro na aceitação das diferenças e opções pessoais do jogador de futebol, que é tão ser humano quanto qualquer um de nós.

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