Dentre os lamentáveis acontecimentos que antecederam o péssimo negócio entre Corinthians e a Odebrecht para a construção do “Fielzão”, amplamente citados em matérias durante a semana, o que mais incomoda os conselheiros são as mentiras contadas por Andres Sanches, presidente à época.

Confira abaixo, trechos de suas falas na reunião do Conselho Deliberativo (em negrito), realizada em 16 de setembro de 2010, enganando os conselheiros, indicando termos do acordo que inexistiam e prometendo tudo o que viria a descumprir posteriormente.

“O Corinthians não vai gastar dinheiro nenhum e não vai assumir dívida”

Mentira. Todas as pendências em contrato sobrarão para o clube, entre elas o empréstimo do BNDES.

“O preço fechado para o estádio para 48 mil pessoas será de no máximo R$ 335 milhões, preço fixo. A única coisa que demos em troca, que a Odebrecht aceitou e foi bem negociado é que ela tem a opção pelo “naming rights””

Mentira. O orçamento da Odebrecht foi de R$ 684 milhões com margem de 20%, elevando para R$ 820 milhões, porém o custo do estádio já ultrapassa R$ 1 bilhão, não tem preço fixo e o Corinthians deu em troca muito mais do que “naming rights”, deu símbolo, arrecadação, etc.

“Será montada uma SPE que o Corinthians será dono dela, que  todo o dinheiro que se for buscar no BNDES pela SPE com garantias, aprovações, assumidas pela ODEBRECHT, vem para a SPE, para esse dinheiro ficar só para o estádio (…) O empréstimo com o BNDES ou qualquer banco que venha a ser, com total garantia, será assumido pela Odebrecht.”

Mentira. O Corinthians não é o dono da referida SPE e será responsável por quitar os empréstimos citados na fala de Andres Sanches.

“O que não podemos fazer é dar esse terreno como garantia num empréstimo. Acredito que nós devemos até proibir isso constando no Estatuto. O Estádio será uma coisa intocável e dele pegaremos as receitas à benefício da entidade.”

Mentira. O Corinthians não apenas cedeu o terreno como também as receitas, o direito de construir, o uso do nome, símbolo, outros elementos relacionados à marca do clube, direito às isenções fiscais da Copa 2014, direito aos CIDs da Prefeitura, além de ser obrigado a jogar 90% de suas partidas no “Fielzão”.

“Os componentes dessa SPE, em princípio será 99 % o Corinthians e 1% o presidente do clube. Se tiver de ser duas pessoas físicas, serão o Presidente da Diretoria e o Presidente do Conselho Deliberativo. E mais ninguém. Então, 97% ou 99% é a Diretoria, o Conselho e o CORI irão administrar os 98%.”

Mentira. O Corinthians não tem nenhuma participação na SPE (Arena Itaquera S/A), que está em nome de dois estranhos ao clube, provavelmente “alaranjados”.

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