Nos últimos dias diversos espaços da imprensa – alguns sérios – deram ressonância a uma história absolutamente irreal sobre o “poder” do ex-presidente Lula para resolver problemas de José Maria Marin na CBF.
Não é verdade.
A grande questão a ser tratada pelo dirigente é a rejeição da presidente Dilma Rousseff.
E ai, não há Lula que de jeito.
Haja vista que se fosse pela vontade do ex-presidente, que era amigo de Ricardo Teixeira, até hoje o Imperador da CBF estaria em seu cargo, sem precisar fugir para Miami.
Na ocasião em que Dilma também se recusou a receber Teixeira – mesma posição adotada com Marin – não apenas Lula, mas também Andres Sanches, Vicente Cândido, Marco Polo Del Nero, entre outros, imploraram à presidenta, que em nenhum momento fraquejou.
Período este em que a maior parte da mídia apoiava o presidente da CBF, se não explicitamente, pelo menos com publicações favoráveis a seu reinado.
Por isso, afirmar que Marin precisa agradar a Lula e Andres para se aproximar do Governo Federal não passa de história criada por quem quer se dar mais valor do que possui.
Dilma Rousseff, com sua indiferença, derrubou Ricardo Teixeira.
E Marin sabe bem disso, razão pela qual tenta sim uma aproximação, e para isso procurou intermediários importantes, como, por exemplo, o vice-presidente Michel Temer e também o presidente da Câmara, deputado Marco Maia.
Com relação a outros assuntos abordados nessa verdadeira conjunção de informações irreais, é necessário restabelecer, nas linhas abaixo, a verdade dos fatos.
Amizade antiga de Lula e Andres Sanches
É pura ficção afirmar que Lula e Andres Sanches eram amigos antigos, e que o ex-presidente luta para garantir seu emprego.
Ambos foram apresentados, no Corinthians, quando Sanches ocupava o cargo de vice-presidente, e a tal “aproximação” ocorreu apenas por questões de interesses políticos, e não pessoais, quando passou a ser presidente do clube.
A pessoa mais próxima de Andres Sanches no PT chama-se José Genoíno, envolvido em diversos escândalos, e que aguarda sentença por seus maus feitos no Supremo.
Frei Chico nunca morou com a família de Andres Sanches
A história de que o aposentado José Ferreira da Silva, conhecido como “Frei Chico”, morou com familiares de Andres Sanches no exterior, no período da Ditadura, e que isso teria aproximado o ex-presidente do Corinthians de Lula foi inventada para enganar a imprensa.
Isso nunca aconteceu.
Na época em que Frei Chico era líder sindical, e militante ativo do PCB (Partido Comunista Brasileiro, que tinha linha de pensamento soviética, nada lembrando o atual PC do B), não possuía proximidade, apesar de serem irmãos, com um então alienado político Lula.
Preso e torturado em 1975, Frei Chico nunca foi exilado, não precisou fugir do País, e, em nenhum momento foi acolhido pela família de Andres Sanches.
O próprio Frei Chico (com áudio e transcrição logo abaixo), deixa bem claro que, além de não serem próximos, ele e Lula possuíam ideias e entendimento diferente sobre o período pelo qual o Brasil passava naquele momento.
TRANSCRIÇÃO
“Eu militava no Sindicato desde os 17 anos de idade, então a gente tinha uma visão, uma orientação comunista…
E o Lula foi uma dessas dificuldades…
Eu me sinto até orgulhoso de ter convencido…ajudar a convencer ele, através de outros companheiros… porque precisava conversar muito, convencê-lo a entrar no sindicato…”
O Lula tinha, mais ou menos, 20 anos… 21 anos… não tinha política na cabeça, não tinha informação… porque não havia, não era fácil…
Depois teve a minha prisão, porque ele (Lula) não achava ainda que a Ditadura era tão forte, ou então era tão violenta…
Eu acho que essa questão da Ditadura Militar, da prisão da gente, do que eles faziam… está vindo a publico muito devagar…
Estou vendo até hoje muita gente, os saudosistas da revolução ficar pregando que não houve isso, não houve aquilo…
Toda prisão, todas pessoas do DOI-CODI prendeu (sic), a policia roubando na época… eles torturavam barbaramente…
Eu digo que fui um privilegiado… fui torturado, mas não fui morto…