Por ROQUE CITADINI

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O anúncio do Ministério do Esporte, com pompa e bajulação, da criação de um cartão de identidade do torcedor, tende a provocar mais confusão e menos solução.

Que os governos não devam ficar omissos na questão da violência de torcidas nos estádios, todos concordamos. Agora, adotar uma solução burocrática e inédita como essa não parece ser a saída.

Não preciso repetir aqui as críticas a essa alternativa, que cria a modalidade de “não-torcedores”, para aqueles que não se cadastrarem. Turistas, frequentadores eventuais, e tantos outros, estarão fora das arenas.

Além disso, ninguém falou nada sobre o custo que será para o Estado a criação do tal e inusual cartão do torcedor.

O melhor seria que, ao invés de fazer isso, o governo se empenhasse para o cumprimento do Estatuto do Torcedor, adotando medidas que mundialmente são aceitas como saneadoras de problemas de violência nos estádios. A primeira e mais eficaz atitude é a venda de ingressos com lugares numerados, que leva ao fim da divisão de torcidas. Esta solução é a mais eficaz para se evitar os conflitos entre torcedores e, inexplicavelmente, os governos federal, estadual e municipal nada têm feito para implementar tal medida.

A resistência aos ingressos numerados, por dos dirigentes de clubes, de torcidas organizadas e de empresas que vendem entradas, não deveria ser motivo para intimidação dos governos.

Muitos dirão que os torcedores não respeitam os lugares numerados. Bobagem. Isto também aconteceu em vários países, onde foi adotado o sistema de numeração de ingressos e lugares. Nos estádios, quando não respeitavam os lugares, a polícia interditava os estádios e proibia a realização dos eventos esportivos. Passado algum tempo, todos começaram a respeitar, inclusive as torcidas organizadas, que compravam ingressos numa mesma área.

Erra o Ministro ao criar uma solução burocrática de carteitinha para torcedores, mas também erram as Polícias Militares e os Ministérios Públicos estaduais, que passaram a fazer reuniões habituais com as organizadas, tentando assim administrar brigas e reduzir a violência.

No caso de São Paulo, por exemplo, é uma agressão à Sociedade a PM levar as organizadas com escolta aos estádios. Qualquer especialista em segurança ficaria horrorizado com tal procedimento.

Mas, como o Ministro do Esporte, os governos estaduais, as Polícias Militares e os MPs não querem confronto com os grupos mais violentos das organizadas, ficam inventando essas coisas por aí, quando deveriam dar um prazo para os estádios numeraram os lugares e os ingressos seguirem esta nova organização.

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