Ou o Ministro Do Esporte É Ingênuo, Ou É Mulher De Malandro.

Por ALBERTO MURRAY

http://albertomurray.wordpress.com/

Não conheço J. Hawilla, o dono da Traffic. Não sei se ele é bom, ruim, competente. Apenas sei aquilo que a imprensa publica. J. Hawilla é dono de uma empresa cujo negócio e deter, por si própria, ou por fundos específicos, direitos econômicos de jogadores de futebol. Em linguagem mais simples, ele compra e vende jogadores de futebol e tem atividade intensa junto aos Clubes. Tem no esporte o seu sustento.

O Ministro do Esporte nomeou J. Hawilla, o dono da Traffic, para compor o Conselho Nacional de Esportes, órgão que, em tese, deveria propor ao Ministro idéias gerais sobre a administração do esporte, destinação de recursos da pasta, enfim, ser um órgão consultivo. Na prática mesmo, embora o Conselho tenha alguns nomes bons, o resultado de suas atividades têm sido zero. Mas o fato é que esse Conselho existe e, se seguida a lei, pode influenciar nos rumos do Ministério.

É evidente que o dono da Traffic, por melhor empresário que possa ser, por conta da sua atividade profissional, não pode assumir um cargo nesse Conselho. Há claro conflito de interesses.  À mulher de César não basta ser honesta. Tem que parecer honesta. Hawilla acumulará o cargo de Diretor Presidente da Traffic, ao mesmo tempo em que ocupará um assento nesse Conselho.

Minha opinião é a de que esse assunto deveria ser analisado pelo Conselho de Ética da União.

Wadson Ribeiro dá uma declaração cretina, de dar pena. Diz ele: “Se a indicação de J. Hawilla para o conselho gerar conflito, vai ser bom para todos nós porque ele vai gerar um debate de idéias” . Vide reportagem da Folha de São Paulo de 06 de janeiro de 2.009, de Ricardo Perrone e Giuliana Biancconi.

O debate de idéias deveria se dar em virtude de posições isentas, contraditórias, erigidas pelos membros do Conselho. A polêmica que a indicação de J. Hawilla cria é, justamente, aquela que o governo deveria esforçar-se para vê-la longe, qual seja, a do puro conflito de interesses. Do uso da coisa pública em benefícios privados individuais, não coletivos.

Ou Ministro do Esporte é um ingênuo, ou é mesmo mulher de malandro, daquelas que gostam de apanhar. Fazendo assim, como ele tem feito, vai continuar tomando paulada atrás de paulada.

O Esporte quis tanto um Ministério próprio, ao longo dos anos. Mas as experiências seguidas têm sido tão ruins, que atrevo-me a dizer que na época do SEED/MEC, em que havia uma Secretaria de Esportes e Educação Física vinculada ao Ministério da Educação, a coisa funcionava melhor.

O Ministério do Esporte de hoje em dia, só tem servido para atender momentos de conveniência política.

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