André Negão, diretor administrativo do Corinthians, registrou ontem (25), oficialmente, sua candidatura a vereador pela cidade de São Paulo.
Disputará as eleições pelo PSB, sob nº 40.333.
É apoiado, explicitamente, pelo candidato a Prefeito Marcio França, que, com ele, tem realizado campanha nas ruas da capital.
A Justiça Eleitoral obriga a todos os postulantes a cargos públicos que apresentem, documentalmente, a situação judicial e também uma listagem de bens, para que possam servir de parâmetro à escolha do eleitorado e também às checagens de quem se interessar em investigar.
De cara, uma novidade: André Negão apresentou-se como concluinte de curso Superior Completo.
A informação conflita com a fornecida nas eleições de 2016, quando o cartola alvinegro disse possuir apenas o curso de 2º Grau.
Deve ter estudado bastante nos últimos anos.
Outra informação relevante, levando-se em consideração que, nos últimos anos, Negão recebeu salários próximos de R$ 15 mil mensais na condição de chefe de gabinete do deputado federal Andres Sanches (de 2014 a 2018), e trabalha, sem vencimentos, no Corinthians, é a relação de bens (somente os declarados), avaliados em quase R$ 4 milhões.
Precisamente R$3.998.389,84.
Estão listados:
- 1 carro (sem especificar marca) : R$ 68 mil;
- Carro Pajero: R$ 60 mil;
- Aplicação Financeira: R$ 1.108,71;
- Fundo de Investimento: R$ 441.254,13;
- Aplicação em VGBL (previdência privada): R$ 246.027,00
- Apartamento em São Paulo: R$ 1.017.000,00;
- Apartamento e Salão Comercial (sem especificar localização): R$ 800 mil;
- Apartamento no Guarujá: R$ 450 mil;
- Apartamento em São Paulo: R$ 280 mil;
- Apartamento em São Paulo: R$ 350 mil;
- Apartamento em Guarulhos: R$ 280 mil
- Cotas em empresas: R$ 5 mil
Em 2016, André Negão indicou R$ 3,2 milhões em bens, com pequenas variações de imóveis, o que, oficialmente, indica evolução patrimonial de R$ 800 mil.
No âmbito dos problemas judiciais, além das conhecidas prisões ligadas à jogatina, as certidões apontaram desfechos para casos que, recentemente, ligaram o Corinthians à esfera criminal.
Para evitar julgamento por posse ilegal de armas, processo derivado de recente detenção do candidato no âmbito da Operação Lava-Jato, que ainda investiga cartolas alvinegros suspeitos de receberem vantagens indevidas para facilitarem o sobre-preço do estádio de Itaquera, André Negão utilizou-se do direito de ‘transação penal’, proposto pelo Ministério Público.
Ao aderir a esse acerto, o processo deixa de ser julgado, desde que o réu cumpra medidas pré-determinadas pelo judiciário.
Passados dois anos sem novas intercorrências, é extinta a punibilidade.
Foi exatamente o que ocorreu, em dezembro de 2018, após Negão ter cumprido, pelo período de 24 meses, as seguintes determinações:
- abrir mão do dinheiro utilizado como fiança para livrá-lo da prisão em flagrante (o valor exato de R$ 5 mil);
- abrir mão das armas apreendidas (as duas, uma Taurus PT 138, calibre 380 ACP, nº KBP11270, e 8 munições de ponta oca, calibre 380, além da pistola PT 58, HC Plus, número de série KVG27436, foram destruídas);
- não frequentar locais de má-reputação;
- comparecer, a cada dois meses, no Foro do Tatuapé, para assinar o famoso livro de apenados;
- não mudar de endereço sem autorização judicial;
Outras ações importantes, de interesse da coletividade corinthiana, dizem respeito aos indiciamentos não apenas de André Negão, mas também de Andres Sanches, Raul Corrêa da Silva e Roberto Andrade, flagrados em delitos fiscais, em três oportunidades, no exercício de seus cargos no Corinthians.
As certidões indicam que as parcelas das dívidas tributárias foram honradas – em caso contrário os cartolas poderiam ser presos.
Porém, é interessante notar, no mesmo documento, pedido da defesa dos dirigentes, por razões óbvias negados pela Justiça, para que os cartolas não fossem novamente investigados por falcatruas semelhantes.
O que indica, talvez, a possibilidade de novos capítulos nessa triste novela alvinegra.